Quem sou eu

Minha foto
Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

Pesquisar este blog

quarta-feira, 26 de abril de 2017

Cine Dica: Mostra Silvio Tendler - maio Sala Redenção

Silvio Tendler: Brasil, história e memória 
 Resultado de imagem para Jango: Como, Quando e Porque se Derruba um Presidente
Para alguns a civilização ótica na qual estamos cada vez mais imersos teve início nas imagens documentais produzidas pelos irmãos Lumieré na Saída dos operários da fábrica. O cinema plasmava a realidade e alcançava o grande público como um instrumento de persuasão que parecia ser imparcial, uma arte capaz de captar e fixar a história tal qual ela ocorreu. Os documentários, entranto, ou chamados filmes naturais, assim como os filmes de ficção, sempre lutaram para conseguir o mesmo efeito mágico de levar o espectador para “dentro do filme”.A história dos telejornais, com os quais o público contemporâneo está amplamente familiarizado desde sua tenra infância como espectador televisivo, tem como antecedentes, noticiários feitos para a tela grande. Outrora, eram os chamados filmes de atualidades, e foram exibidos desde os primórdios do cinema – evidente que não livres de ideologias, mensagens, montagens e manipulações, tal como hoje. Em princípio, documentários seriam filmagens de algo que teria acontecido, independentemente da realização de um filme ou da captação dessas imagens. Contudo, percebeu-se que a atenção devia voltar-se para os processos a que são submetidas essas imagens: escolha do que vai ser filmado; processo de seleção de imagens e áudios; edição e montagem; trilha sonora, etc. Enfim, uma série de processos seletivos e intencionais que demonstram uma falta de isenção no produto final. Diferente do que muitos pensam, documentários não são veículos neutros e desprovidos de ideologia.A obra de Silvio Tendler traça um grande painel da história e da vida política brasileira contemporânea, que além de proporcionar a visão dos aspectos materiais do passado registrados nas imagens, prima pela edição autoral. Suas linhas narrativas conduzem para a construção de valores que deveriam ser universais: o anti-imperialismo, a solidariedade humana, a soberania, os problemas sociais e a democracia como horizonte. Seu filme de estreia surgiu em um momento em que o Brasil experimentava os limites da abertura do regime de forma lenta, gradual e segura proposta pela ditadura claudicante. Tempo marcado por atentados contra a liberdade, no qual elementos ligados a rede de repressão do Estado explodiram bombas em bancas de jornais culminando com o atentado fatal contra OAB. Os anos JK (1980) de Tendler emergiu como uma verdadeira aula de democracia, mostrando que houve no país um tempo republicano legítimo. No documentário seguinte, Jango (1984), o diretor voltou à carga com a intenção de fazer um filme emocionante. Enquanto era articulada a campanha para eleições diretas para presidente, ele devolvia o povo ao cenário político nacional através da trajetória do último presidente eleito. Silvio Tendler teve sempre o cuidado de manter em tela a necessidade de participação política do povo para o fortalecimento da democracia e crescimento social do ponto de vista humano. A reposta aos primeiros documentários veio da crítica, muito positiva, e do público com 800 mil espectadores para JK e mais de um milhão para Jango. O espaço como diretor e artista engajado, comprometido com o teor político na história do cinema nacional, estava garantido para Tendler que, felizmente continua produzindo com qualidade. A mostra Silvio Tendler: Brasil, história e memória traz uma oportunidade para ver na tela grande não só seus documentários de estreia, mas uma coleção de 12 títulos diferentes que primam por uma postura memorialista a pela preservação e difusão de imagens a fim de que o público tenha diferentes visões sobre o passado, ao passo em que o reconstrói em seu imaginário presente.
Nilo André Piana de Castro
Curado
Realização:
  
 Parceria: Colégio de Aplicação UFRGS
Resultado de imagem para logo Caliban filmes
Mostra de Cinema Silvio Tendler: Brasil, história e memória
Quando: 02 a 12 Maio
Onde: Sala Redenção – Cinema Universitário (Rua Eng. Luiz Englert, s/n., Campus Central UFRGS
Quanto: Entrada Franca

Os Anos Jk – Uma Trajetória Política (1980, 110min) Dir.Silvio Tendler
Resultado de imagem para Os Anos Jk – Uma Trajetória Política
02 de maio – terça Feira - 16h

O filme aborda a História do Brasil: a eleição de JK, o nascimento de Brasília, o sucessor Jânio Quadros que renuncia, a crise política, o golpe militar e a cassação dos direitos políticos de Juscelino. O foco é a trajetória política de Juscelino Kubitschek, o “presidente bossa nova”, popular entre os artistas, que propunha aceleração no desenvolvimento do País rumo à modernidade e a ocupação de um lugar entre as potências mundiais.

Depois da exibição palestra e debate com o Professor Nilo Piana de Castro CAp/UFRGS
Jango: Como, Quando e Porque se Derruba um Presidente (1984, 114mim) Dir. Silvio Tendler
Resultado de imagem para Jango: Como, Quando e Porque se Derruba um Presidente

02 de maio – Terça-feira – 19h
03 de maio – quarta--feira – 16h

O filme refaz a trajetória política de João Goulart, o 24° presidente brasileiro, que foi deposto por um golpe militar nas primeiras horas de 1º de abril de 1964. Goulart era popularmente chamado de “Jango”, daí o título do filme, lançado exatos vinte anos após o golpe.

Depois a exibição do dia 02/05 – palestra e debate com o professor Alexandre Andrades.

Marighella: Retrato Falado do Guerrilheiro (55min) e Privatizações: A distopia do Capital (56’35min) Dir. Silvio Tendler 
03 de maio – Quarta-feira – 19h
04 de maio – Quinta-feira – 16h
Marighella - Deputado constituinte de 46 e um dos principais dirigentes do Partido Comunista – cassado quando o partido foi posto na ilegalidade, Carlos Marighella foi um dos líderes da luta armada contra a ditadura militar no Brasil. Ainda no PC, em 66, propôs o caminho da guerrilha e por isso foi expulso. Fundou a Ação Libertadora Nacional, primeiro movimento armado pós-64 do país. O filme sobre a vida desta figura polêmica da recente História do Brasil contará a trajetória do professor Marighella, do deputado Marighella, do romântico Marighella. Mas, acima de tudo, contará a história do homem Marighella. ,
http://caliban.com.br/wp-content/uploads/2016/02/MARIGHELLAb.jpg
Privatizações - O filme ilumina e esclarece a lógica da política em tempos marcados pelo crescente desmonte do Estado brasileiro. A visão do Estado mínimo; a venda de ativos públicos ao setor privado; o ônus decorrente das políticas de desestatização traduzidos em fatos e imagens que emocionam e se constituem em uma verdadeira aula sobre a história recente do Brasil. Assim é Privatizações: a Distopia do Capital
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIXxCUaBzO1gsI63cR7TqMa8GXezRINTNnt3KvrADoA2-PFhdc-cU9DOcKyiM_CXmJpxyXtDS-UgEGQ4kxroloDn31ECrh8jJcb7jwJph0pKgEs6NiKJNyr9zuZW4fhZsUWTm93PDOw5Rq/s1600/filme.tendler.divulga%C3%A7%C3%A3o.jpg
Glauber o Filme Labirinto do Brasil (2003, 98min) Silvio Tendler,
Resultado de imagem para glauber labirinto do brasil
04 de maio – quinta-feira – 19h
05 de maio – sexta-feira – 16h
É um documentário sobre a vida e a morte de Glauber Rocha, o polêmico cineasta baiano que revolucionou o cinema, promovendo uma radical revisão na cultura brasileira. Imagens do enterro, depoimentos recentes de quem acompanhou sua trajetória, seu pensamento e ideias, explodem na tela num filme-tributo à memória de um artista que idealizava um cinema independente e libertário.

Encontro com Milton Santos: O Mundo Global, visto do Lado de Cá (2006,90min) Dir. Silvio Tendler. 
http://caliban.com.br/wp-content/uploads/2016/02/Milton-Santos.jpg
05 de maio – sexta-feira – 19h
 
O filme é conduzido por uma entrevista com o geógrafo e intelectual baiano Milton Santos (1926–2001), gravada quatro meses antes de sua morte. Milton Santos não era contra a globalização e sim contra o modelo de globalização vigente no mundo, que ele chamava globalitarismo. Analisando as contradições e os paradoxos deste modelo econômico e cultural, Milton enxergou a possibilidade de construção de uma outra realidade, que ele considerava "mais justa e mais humana
 
Depois do filme palestra e debate com a professora Ana Clara Fernandes CAp/UFRGS.
 
Memórias do Movimento Estudantil – Ou Ficar a Pátria Livre ou Morrer pelo Brasil (2007, 53min) O Afeto que se encerra em nosso peito Juvenil (2007, 51min) Dir. Silvio Tendler
Resultado de imagem para Memórias do Movimento Estudantil – Ou Ficar a Pátria Livre ou Morrer pelo Brasil
08 de maio – segunda-feira -16h
09 de maio – terça-feira – 19h
Os filmes apresentam o Perfil cronológico do movimento estudantil brasileiro, desde a década de 30, até a ocupação da sede da UNE no Rio de Janeiro em 2007. Mostram também registros pessoais de personagens do movimento estudantil, da atividade cultural dos jovens, músicas poesias e peças teatrais feitas pelos militantes no passado.
09/08 Depois dos filmes palestra e debate com professor Nilo Piana de Castro CAp/UFRGS
Utopia e Barbárie (2007, 121min) Dir. Silvio Tendler
Imagem relacionada
O filme é um road movie histórico: para reconstruir o mundo a partir da II Guerra Mundial, passa pela Itália, EUA, Brasil, Vietnam, Cuba, Uruguai, Chile, entre outros países. Em cada um desses lugares, documenta os protagonistas da história. Tão importante quanto o tema é o olhar do autor. Este olhar foi se construindo a partir da elaboração do filme. Por isso, buscou a reconstrução da história de maneira não partidarizada. Ouviu diferentes personagens com abordagens distintas. Juntos compõem um rico painel de nossa época.  
08 de maio - segunda-feira – 19h
09 de maio – terça-feira – 16h
Após a sessão do dia 08 de maio, debate com Professor Nilo Piana de Castro, professor do colégio Aplicação da UFRGS.

Tancredo, a Travessia (2011, 104min) Dir. Silvio Tendler
http://caliban.com.br/wp-content/uploads/2016/02/TANCREDOb.jpg
Tancredo – A Travessia é um documentário brasileiro que retrata, através de depoimentos a biografia do Presidente Tancredo Neves. Conta a história do homem firme em suas decisões e sereno nas atitudes, do político moderado, mas que durante a sua vida pública enfrentou com ética, retidão e extraordinária coragem grandes desafios em momentos cruciais da história do país.
10 de maio – quarta-feira 16h

Militares da Democracia: Os Militares que disseram não (2014, 99min) Dir. Silvio Tendler Resultado de imagem para os militares da democracia HD
11 de maio – quinta-feira 16h
12 de maio – sexta-feira – 16h
Eles lutaram pela Constituição, pela legalidade e contra o golpe de 1964, mas a sociedade brasileira pouco ou nada sabe a respeito dos oficiais que, até hoje, ainda buscam justiça e reconhecimento na história do país. Militares da Democracia resgata, através de depoimentos e registros de arquivos, as memórias repudiadas, sufocadas e despercebidas dos militares perseguidos, cassados, torturados e mortos, por defenderem a ordem constitucional e uma sociedade livre e democrática
12/05 Depois do filme palestra e debate com o professor  Newton Carneiro IFESUL

Os Advogados Contra a Ditadura: Por uma Questão de Justiça (2014, 130min) Dir. Silvio Tendler
Resultado de imagem para advogados pela democracia filme silvio tendler HD
12 de maio – sexta-feira – 19h
Em meio às torturas e mortes no período de 1964 e 1985, os advogados que buscavam justiça e a defesa dos direitos confrontavam-se com a repressão, ameaças e restrições de liberdades.
 
Agradeço desde já pela divulgação.
Tânia Cardoso de Cardoso
Departamento de Difusão Cultural
Coordenadora e curadora da Sala Redenção - Cinema Universitário

tania.cardoso@difusaocultural.ufrgs.br

www.difusaocultural.ufrgs.br
www.salaredencao.com

(51) 3308-3933

terça-feira, 25 de abril de 2017

Cine Especial: Clássicos no Cinemark: E o Vento Levou (1939)



A maior superprodução cinematográfica da história terá exibição hoje e única no BarraShoppingSul  às 19h30min.



Sinopse: Narra a complicada vida de Scarlet O’Hara (Vivien Leigh), seus amores e desilusões em um período que tem a Guerra Civil Americana como pano de fundo. Clark Gable é Rett Butler, um vivido aventureiro que passa pela vida de Scartlet, em uma relação de amor e ódio marcada por conflitos já clássicos e cenas inesquecíveis de amor. Praticamente o inventor das telenovelas, devido aos conflitos constantes de emoções manifestadas e o romance como tema – não necessariamente por uma outra pessoa, e sim por uma causa, lugar ou qualquer outra coisa que se refira sentimentalmente ao personagem.


Assim como um oleiro dá pouco a pouco a forma a uma peça de barro, a produção de um filme pode atravessar algumas dificuldades e contratempos até passar por todos os processos necessários para que o possamos ver no cinema. O produtor David O. Selznick apressou-se a adquirir os direitos de adaptação cinematográfica de Gone With the Wind – romance de estreia de Margaret Mitchell sobre a guerra civil americana, pagando uma avultada quantia pela obra de uma escritora então desconhecida. Pretendia levar a cabo uma produção de luxo, ou não fosse ele uma das figuras proeminentes da “fábrica de sonhos" de Hollywood. A produção foi bastante atribulada, desde a escolha dos atores ao realizador. Quando Victor Fleming (O Mágico de Oz – 1939 e Joana D’Arc -1948) foi contratado já algumas cenas importantes já tinham sido gravadas por George Cukor, o segundo realizador contratado por Selznick.
Ele próprio e o desenhista da produção Willian Cameron Menzies dirigiram algumas sequências. Uma e epopeia romântica com  personagens fortes, elenco escolhido a dedo e produção impecável, o melhor exemplo de filme de produtor (Zelnick comandou o filme de ponta a ponta, até a montagem final). Oscar de melhor filme, direção, atriz (Vivien), atriz coadjuvante (Hatie), roteiro, fotografia, montagem, direção de arte, além de um especial para Menzies pela criação da cor para o filme. A atriz inglesa Vivien Lee recém chegada a  Hollywood ganhou o papel  principal após disputar com inúmeras atrizes de sucesso na época como Bette Davis, sendo está a mais cotada. Inesquecível e extraordinária trilha sonora.
É bastante difícil tentar resumir uma história por vezes tão exaustivamente retratada durante os mais de 220 minutos de duração do filme, as palavras não bastam e o melhor é mesmo vê-lo. A duração parecerá excessiva para muitos, no entanto pensem que a primeira versão do argumento de Sidney Howard daria para cinco horas e meia de filme! Existem muitos aspectos interessantes como, por exemplo, o modo como a câmara se afasta de Scarlett quando esta cuida dos feridos no hospital e o ecrã enche-se com os uniformes cinzentos dos soldados, Atlanta a arder enquanto Rhett ajuda Scarlett a fugir, a famosa cena em que Scarlett agarra um pouco da terra vermelha e perante um céu cor de fogo (acompanhada pela música de Max Steiner) jura a si mesma nunca mais sentir fome e fazer de tudo para manter tara e o uso da Technicolor (nomeadamente a partir dos anos 30) que magicamente aumenta com o brilho da cor o encanto de um filme que perdura até aos dias de hoje e ainda nenhum dos grandes realizadores da nossa época se “atreveu” a fazer um remake desta história de amor numa civilização "levada pelo vento".

Curiosidades:

Foi o 1º filme a cores a ganhar o Oscar de Melhor Filme.

E o Vento Levou, Branca de Neve e os Sete Anões e O Exorcista são os únicos filmes de todos os tempos a serem reprisados com lucro ao longo dos anos.


 Me sigam no Facebook, twitter, Google+ e instagram

segunda-feira, 24 de abril de 2017

Cine Dica: Em Cartaz: Os Belos Dias de Aranjuez

Sinopse:Mais um verão chegou na cidade de Aranjuez, na Espanha. Um escritor começa a usar sua máquina de escrever para contar uma história passada num terraço. Um homem e uma mulher conversam. Eles revelam intimidades e discutem conflitos morais, familiares e sexuais.


O alemão Wim Wenders (Paris, Texas e Asas do desejo) oferece em seu mais novo filme para cinéfilo, não uma história, mas sim  experiência da qual nem todos irão até o final da sessão. Os belos dias de Aranjuez talvez exagere na sua pretensão ao criar inúmeras interpretações através de uma simples história, mas que não deixa de ser incomum e pouco vista no cinema. Aqui, o cinéfilo se torna o observador, onde prestigia em pouco mais de uma hora e meia, um vasto dialogo entre duas pessoas, do qual não há nenhuma ação, mas sim os cenários e as reações dos personagens principais é o que falam por si.
Assim como mestres do passado como Alfred Hitchcock, o cineasta Wim Wenders usa a sua câmera para nos apresentar a ambientação onde ocorrerá a trama: uma canção (Perfect Day de Lou Reed) toca ao fundo, enquanto grandes planos gerais se sobrepõem com um movimento de câmera tão lento que ela parece estático. Com o avanço da música, os planos vão fechando, focando então os interiores de uma casa de campo e culminando a visão de um jardim e que é aonde a trama principal irá se concentrar.
Porém, presenciamos a presença de um escritor, que está então escrevendo um livro em sua maquina de escrever, sendo justamente o dialogo do casal central da trama que estamos vendo no jardim. Portanto, presenciamos duas tramas conectadas, das quais uma não vive sem a outra, ao ponto do próprio escritor por alguns momentos balbuciar alguns diálogos do casal e que irá colocá-los no papel. Embora lembre alguns títulos já vistos no cinema como Mais Estranho do que a ficção, Wenders não procura aqui se explicar do por que estar apresentando a trama dessa forma, mas para que tiremos as nossas próprias conclusões após termos presenciado ela.
Curiosamente, o cineasta também insere momentos subliminares sobre quem controla quem na trama. Há momentos, por exemplo, que o escritor para de escrever, mas o casal continua conversando. Porém, se percebe uma dependência entre o trio, principalmente quando o casal sai de seu local de conforto e tentam enxergar o escritor em sua sala, quando na realidade esse último se encontra em outra peça da casa e pensando em qual será o próximo dialogo que será escrito para os personagens.
Quanto à conversa principal, da qual cobre toda a trama, ela envolve inúmeros temas, desde a natureza, amor, sexualidade e desejos reprimidos. O ambiente ensolarado do qual o casal se encontra, faz com que eles não tenham noção, aparentemente, da interferência fora do quadro em que eles se encontram. Isso gera então para o cinéfilo uma sensação de que eles se encontram fora do espaço tempo, como se o tempo parasse para eles, enquanto o mundo a fora seguisse em frente.
Se isso pode soar um tanto que surreal, essa sensação aumenta ainda mais quando o escritor troca um dos seus discos da sua vitrola, para então dar lugar à música Into My Arms, sendo ela cantada e tocada pelo próprio cantor Nick Cave em cena. Por mais absurdo que possa parecer aquele momento, ele é muito bem vindo, não só pelo fato de ser uma bela música, mas porque naquela altura do campeonato o cinéfilo já comprou a proposta do cineasta. Isso aumenta o estado de suspensão, onde o espaço tempo se divide então entre a realidade, casal, escritor, cantor, além da aparição rápida de um enigmático personagem segurando uma escada, mas que pode ser interpretado como símbolo representativo com relação a uma determinada parte da conversa entre o casal. 
Talvez alguns achem que Wenders tenha ido longe demais, o que não foge muito da verdade, já que ele exige atenção ao máximo e um pouco de paciência do que for assistir. Não que isso seja arrogância por parte do cineasta, pois acredito que ele tenha o interesse de criar uma proposta incomum, principalmente sendo moldada com um belo 3D e que difere e muito de superproduções americanas, das quais não valem o ingresso mais caro para ser visto neste recurso. Se em Pina Wenders começou com uma verdadeira aula de como se deve ser usado essa ferramenta, aqui ele encerra o ensino com louvor. 
Os Belos Dias de Aranjuez é um filme para poucos, mas quem for desfrutá-lo, irá participar de uma pequena e rara experiência cinematográfica.  





Me sigam no Facebook, twitter, Google+ e instagram

Cine Dica: PROGRAMAÇÃO DE 20 A 26 DE ABRIL DE 2017

SEGUNDA-FEIRA NÃO HÁ SESSÕES

SALA 1 / PAULO AMORIM


15h30 – INSUBSTITUÍVEL
(Médecin de Campagne - França, 2017, 100min). Direção de Thomas Lilti, com François Cluzet e Marianne Denicourt. CineArt Filmes, 12 anos. Drama.



Sinopse: Jean-Pierre é um médico dedicado que trabalha há anos numa região do interior da França. A comunidade acredita que ele é insubstituível e o médico se sente bem com o respeito das pessoas. Mas esta relação começa a mudar com chegada de Natalie, uma jovem recém-formada que vem de Paris para tentar ajudar o médico veterano.


17h30 – OS BELOS DIAS DE ARANJUEZ
(Les Beaux Jours d'Aranjuez - França/Alemanha, 100min, 2017). Direção de Wim Wenders, com Reda Kateb, Sophie Semin, Jens Harzer. Imovision, 14 anos. Drama.


Sinopse: Baseado na peça teatral do mesmo nome, de autoria de Peter Hanke, o longa acompanha o encontro entre um casal que conversa sobre temas diversos, das lembranças de infância às viagens, do sexo à filosofia. Tudo vai se transformando em livro na casa ao lado, conforme a imaginação do seu autor.

 19h30 – IMPREVISTOS DE UMA NOITE EM PARIS
(Ouvert la Nuit - França, 100min, 2016). Direção de Édouard Baer, com Édouard Baer, Audrey Tautou, Sabrina Ouazani. Imovision Filmes, 16 anos. Comédia dramática.

Sinopse: Às vésperas da estreia de uma montagem da peça “A Mulher e o Macaco”, no Teatro da Estrela, em Paris, o produtor Luigi se vê no pior dos mundos. Ele tem apenas um dia para resolver vários problemas, como conseguir dinheiro para pagar o elenco, reconquistar patrocinadores e encontrar um macaco de verdade para colocar em cena.




PROGRAMAÇÃO DE 20 a 26 DE ABRIL DE 2017

SEGUNDA-FEIRA NÃO HÁ SESSÕES

SALA 2/ EDUARDO HIRTZ



15h – NOJOOM – 10 ANOS, DIVORCIADA
(Nojoom - Iemen, 95min, 2017). Direção de Khadija al-Salami, com Reham Mohammed. Esfera Filmes, 16 anos. Drama.

Sinopse: O filme é baseado na história real de Nujood Ali, que pediu o divórcio aos dez anos. O casamento de meninas ainda crianças é algo comum e aceito no Iêmen - mas este caso chocou o mundo por causa das brutalidades do marido. Com o auxílio da jornalista francesa Delphine Minoui, a jovem transformou sua experiência em livro, que depois foi transposto para o cinema por uma das primeiras mulheres cineastas do Iêmen.



17h – GAGA: O AMOR PELA DANÇA
(Mr. Gaga – Israel/Alemanha/Holanda, 2017, 100min). Documentário de Tomer Heymann. Vitrine Filmes, Livre.

Sinopse: Ohad Naharin, mais conhecido como Mr. Gaga, é diretor artístico da Batsheva Dance Company, em Israel. O filme mergulha no processo criativo do artista de 60 anos, considerado um dos coreógrafos mais importantes do mundo e responsável pela redefinição da linguagem da dança contemporânea. O projeto durou oito anos e mistura ensaios e sequências de dança impressionantes.

 19h – ERA O HOTEL CAMBRIDGE
(Brasil, 2017, 100min). Direção de Eliane Caffé, com José Dumont, Suely Franco. Vitrine filmes, 12 anos. Drama.

Sinopse: O filme mistura ficção e documentário para mostrar o cotidiano dos moradores do Hotel Cambridge, um hotel tradicional em São Paulo e que foi fechado em 2011. Desde então, vem sendo ocupado por pessoas sem-teto, incluindo muitos refugiados.
* Não haverá exibição no dia 25 de abril, terça-feira, devido à sessão comentada de “Outro Sertão”


PROGRAMAÇÃO DE 20 A 26 DE ABRIL DE 2017

SEGUNDA-FEIRA NÃO HÁ SESSÕES
SALA 3 / NORBERTO LUBISCO



15h – COMO VOCÊ É (As You Are - EUA, 2016, 100min). Direção de Miles Joris-Peyrafitte, com Owen Campbell, Charlie Heaton, Amandla Stenberg. Supo Mungam Filmes, 16 anos. Drama.
 
Sinopse: Os conflitos do universo adolescente são a tônica da trama, ambientada nos anos 1990 em uma cidade suburbana dos Estados Unidos. Jack é um jovem solitário que vive com a mãe, mas tudo muda no dia em que ela se casa com um namorado que também tem um filho adolescente. Apesar de terem temperamentos opostos, Jack e Mark se entendem bem e formam um trio com Sarah, uma garota do bairro. Eles se tornam inseparáveis até o dia em que alguns segredos vêm à tona.

17h – MARGUERITE & JULIEN - UM AMOR PROIBIDO
(Marguerite & Julien - França, 105min, 2017). De Valérie Donzelli, com Anaïs Demoustier, Jérémie Elkaïm. Mares Filmes, 16 anos. Drama.

Sinopse: A trama mistura elementos antigos e contemporâneos para abordar um amor proibido, no melhor estilo Romeu e Julieta. Marguerite e Julien são irmãos e praticamente apaixonados um pelo outro. Na infância, seu pai, o senhor de Tourlainville,  resolve separá-los para evitar o pior. Mas nem mesmo o passar dos anos consegue apagar o que existe entre os dois.



19h – A HISTÓRIA DE UM HOMEM DE VERDADE
(URSS, 1948, 90min). Direção de Aleksandr Stolper, com Pavel Kadoshnikov e Nikolay Okhlopkov. MosFilm, 14 anos. Drama.


Sinopse: Alexey Maresyev foi piloto de guerra durante a Segunda Guerra Mundial, reconhecido pelos ataques precisos às aeronaves alemãs. Durante um combate, em 1942, seu avião caiu e ele teve as duas pernas amputadas - mesmo assim, voltou a voar um ano depois, graças a um par de pernas mecânicas. O soldado russo protagonizou 86 missões de combate, feito contado em livro por Boris Polevoi. O longa integra a Série Cinema Soviético, com títulos do famoso estúdio MosFilm.