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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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terça-feira, 4 de outubro de 2016

Cine Especial: Michael Haneke: O lado sombrio do nosso tempo: Parte 3



Nos dias 08 e 09 de outubro eu estarei participando do curso Michael Haneke: O lado sombrio do nosso tempo, criado pelo Cine Um e ministrado pelo jornalista  Bruno Maya. Enquanto os dias da atividade não chegam, por aqui eu irei postar sobre os filmes que o cineasta já fez e analisar um pouco sobre o porquê do seu cinema chocar, mas fascinar.

 

A Professora e o Piano (2001)



Sinopse: Erika Kohut (Isabelle Huppert) trabalha como professora de piano no Conservatório de Viena. Ela não bebe nem fuma, vivendo na casa de sua mãe (Annie Girardot) aos 40 anos. Quando não está dando aulas Erika costuma freqüentar cinemas pornôs e peep-shows, em busca de excitação. Logo ela inicia um relacionamento com Walter Klemmer (Benoît Magimel), um de seus alunos, com quem realiza vários jogos perversos.


Um pequeno exemplo do que o diretor Michael Haneke faria no resto da década. Dá para perceber, pela sua filmografia, que o diretor gosta de mexer em um vespeiro sobre o mundo de pessoas no mínimo desajustadas e neste filme a personagem da vez foi Erika Kohut interpretada com intensidade por Isabelle Huppert. Durante todo o filme seguimos o dia a dia dessa personagem solitária e misteriosa, que aos poucos vai se revelando com suas atitudes no mínimo sado masoquistas, principalmente quando surge um aluno que se tornara um possível amante dos seus jogos estranhos nos quais é o único meio de prazer dela. Não faltam momentos fortes de sexo explicito e desagregação, mas é contrabalançado com momentos de execução de música clássica absolutamente belíssima.
Cru e simples do inicio ao fim, o filme é foi um dos grandes ponta pés iniciais do cinema francês no início da década que passou. 

Curiosidades: A personagem da mãe de Erika Kohut foi inicialmente oferecida a Jeanne Moreau; Isabelle Huppert realmente tocou piano em cena. Ela estudou piano por 12 anos, sendo que para se preparar para A Professora de Piano voltou a praticar o instrumento cerca de um ano antes do início das filmagens.



Caché (2005)



Sinopse: Georges (Daniel Auteuil), que apresenta um programa de TV sobre literatura, começa a receber vídeos com imagens suas e da família. E ele não faz idéia de quem está enviando. Gradualmente, as filmagens começam a ficar mais íntimas, sugerindo que o chantagista conhece Georges há um tempo. Ao mesmo tempo em que as ameaças aumentam, a política se recusa a ajudar a desvendar o mistério.



O filme é exímio na sua dedicada descrição dos efeitos da culpa e da repressão, enquanto se cerca dos fantasmas que habitam as feridas interiores de uma França com fortes políticas de segregação racial e ávida de redimir o mal de outrora. Aos poucos, Haneke parte do retrato de uma intimidade familiar com intensos problemas de comunicação para traçar um cenário oblíquo da identidade de um país que vive amargurado com as ações do seu passado recente. Assim, chegando à raiz do argumento, Caché mostra as suas verdadeiras guelras, revelando o seu forte subtexto político (que entra em conflito diretor com o drama vivido pelas personagens). Haneke tem uma habilidade característica para mexer os cordelinhos das expectativas do espectador (basta reportarmo-nos a Funny Games, que continua a ser o exemplo máximo desta capacidade) e, nessa medida, Caché não foge à regra. O jogo mental começa logo ao início, quando afinal o que estamos a ver não é um acontecimento atual, mas sim as imagens de uma gravação. O poder ilusório das imagens, que se alastra na sociedade atual, é algo que perpassa o filme e com uma nota bastante curiosa: há alturas em que não sabemos se determinados cenários estão a ser observados pelos olhos de alguma das personagens ou se são fruto de mais uma gravação de vídeo.






Violência Gratuita (2007)



Sinopse: Neste thriller provocante e brutal do diretor Michael Haneke, uma família em ferias recebe a inesperada visita de dois jovens profundamente perturbados. A partir daí suas ferias de sonhos se transformam em pesadelo quando são sujeitados a inimagináveis terrores e provações para continuarem vivos.


Pessoas gostam de violência, talvez seja esse pensamento que o diretor tenha em mente quando fez Violência Gratuita em 1997 então ele pensou assim: e que tal banalizada? Virar um jogo? Pois é isso que o diretor Michael Haneke fez na primeira vez que levou as telas este filme naquele ano. Na verdade talvez a intenção dele fosse fazer uma critica a sociedade da Áustria, principalmente a parte mais rica por se considerar indestrutível e intocável.
Na trama vemos uma família normal, com suas vidas normais, felizes, intocáveis e acreditando que nada irá acontecer. Mais eis que o inferno aparece na pele de dois jovens que simplesmente não dão explicação nenhuma do porque estarem torturando, pois eles fazem tudo com um único objetivo: fazer um jogo entreter quem está assistindo. A trama chega um ponto que um dos lunáticos olha para câmera e diz que quer dar um final melhor possível para telespectador que está assistindo. Um reflexo sobre como a violência se tornou banal hoje em dia, tanto nos filmes como na vida real.
O diretor chegou ao ponto de fazer essa brincadeira, ao misturar humor negro com a violência e botando a pessoa que assiste praticamente dentro da história. Atenção para cena do controle remoto, digo isso porque o diretor simplesmente engana o cinéfilo que assiste ao filme e, quando chegou essa parte, por um momento quase peguei o controle remoto do DVD achando que estava dando um problema no filme. Um raro momento em que fui pego numa pegadinha do diretor e creio que eu não fui o único.
Mas a história não parou por ai, pois se ele teve peito de fazer uma crítica no seu próprio país de origem, então porque ele não faria a mesma coisa em território americano? Eis que dez anos depois ele faz, mas com a mesma história e com cenas idênticas quadro a quadro. A única mudança é os atores que são americanos. O casal, por exemplo, são conhecidos nossos: Naomi Watts (Cidade dos Sonhos) e Tim Roth (Cães de Aluguel) e a dupla de desajustados se deram bem melhor nesta versão americana, Paul (Michael Pitt) e Peter (Brady Corbet) dão um show de interpretação, principalmente Paul com uma cara de mais psicopata que do ator da versão da Áustria.
Mas porque uma refilmagem? E porque não fez algo de diferente? é praticamente o mesmo filme. Será que era a intenção pegar no pé dos americanos por causa da suas vidas vulneráveis, principalmente de um mundo pós 11 de Setembro e por não estarem preparados para chegada de algo ruim bater na sua casa? Talvez tenha sido está à intenção e o diretor não está nem ai se as pessoas irão gostar ou não do filme porque não há como ficar indiferente com suas obras. Mas advirto: recomendável para quem tem nervos fortes, apesar de que a violência é mais sugerida do que explicita. 


Mais informações e inscrições para o curso você clica aqui.


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Cine Dica: Ciclo em homenagem a Curtis Harrington na Sala P. F. Gastal



 SALA P. F. GASTAL APRESENTA SEMANA CURTIS HARRINGTON
A partir de terça-feira, 4 de outubro, a Sala P. F. Gastal da Usina do Gasômetro (3º andar) apresenta a Semana Curtis Harrington, celebrando a obra do icônico diretor norte-americano, que completaria 90 anos no último mês. A programação apresenta duas das obras mais marcantes de sua carreira, Obsessão Sinistra (What's the Matter with Helen?, 1971) e Fábula Macabra (Whoever Slew Auntie Roo?, 1972), protagonizadas pela inesquecível Shelley Winters, e A Casa Sinistra, clássico de James Whale que teve sua cópia original salva e recuperada por Harrington nos anos 1960. Com projeção digital, a Semana Curtis Harrington tem parceria com a distribuidora MPLC. O valor do ingresso é R$ 4,00.  

Os filmes da Tela Brilhadora, projeto idealizado por Julio Bressane, seguem em exibição até o dia 9 de outubro. O valor do ingresso é R$ 8,00.

PROGRAMAÇÃO

A Casa Sinistra
(The Old Dark House)
Estados Unidos, 1932, 72 minutos
Direção: James Whale

Em busca de abrigo para fugir de uma tempestade, um casal de viajantes é acolhido na velha mansão da estranha família Femm. Amigo e discípulo de Whale, nos anos 1960 Curtis Harrington salvou o negativo original do filme, que estava quase inteiramente deteriorado, e batalhou por sua restauração. Exibição digital com legendas em português.

Obsessão Sinistra
(What's the Matter with Helen?)
Estados Unidos, 1971, 101 minutos
Direção: Curtis Harrington

Adelle e Helen têm uma coisa em comum: os filhos de cada uma são assassinos e foram para a prisão. Juntas, elas se mudam para Hollywood na tentativa de esquecer o passado e abrem uma escola de dança para crianças. Tudo parece bem e elas se ajustam à nova vida. Mas de repente começa a surgir uma série de mortes. Exibição digital com legendas em espanhol.

Fábula Macabra (Whoever Slew Auntie Roo?)
Reino Unido, 1972, 90 minutos
Direção: Curtis Harrington

Shelley Winters é uma senhora aparentemente bondosa que convida crianças de um orfanato para a ceia de Natal. Mas será que suas intenções são realmente caridosas? A história de David Osborn, na qual o filme se baseia, é uma variação sobre o clássico infantil João e Maria. Exibição digital com legendas em espanhol.

GRADE DE HORÁRIOS
04 a 09 de outubro de 2016

04 de outubro (terça-feira)
16h – O Prefeito
17h30 – O Espelho
19h – Fábula Macabra

05 de outubro (quarta-feira)
16h – Origem do Mundo
17h30 – Garoto
19h – A Casa Sinistra

06 de outubro (quinta-feira)
16h – O Espelho
17h30 – O Prefeito
19h – Obsessão Sinistra

07 de outubro (sexta-feira)
16h – Garoto
17h30 – Origem do Mundo
19h – A Casa Sinistra

08 de outubro (sábado)
16h – O Prefeito
17h30 – O Espelho
19h – Fábula Macabra

 09 de outubro (domingo)
16h – Origem do Mundo
17h30 – Garoto
19h – Obsessão Sinistra
 
Sala P. F. Gastal
Coordenação de Cinema, Vídeo e Fotografia
Av. Pres. João Goulart, 551 - 3º andar - Usina do Gasômetro
Fone 3289 8133

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Cine Dica: Em Cartaz: O Lar das Crianças Peculiares


Sinopse: O adolescente Jacob Portman (Asa Butterfield) vive um inferno pessoal quando enfrenta uma tragédia. Suas buscas por respostas o levam até às ruínas do Orfanato da Srta. Peregrine para Crianças Peculiares, no País de Gales. Lá, o jovem descobre o passado bem peculiar dos órfãos que viveram no local e que eles podem ainda estar vivos.


Seja uma trama original, ou baseada em outra fonte, Tim Burton sempre injetará a sua visão particular na criação dos seus filmes. Muito se deve da forma como ele enxerga o mundo, do qual as cores acinzentadas da nossa realidade predominam, enquanto as cores quentes e coloridas pertencem a uma realidade cada vez mais escondida da nossa. Tendo esse pensamento, O Lar das Crianças Peculiares se encaixa como uma luva nas mãos do cineasta, muito embora eu seja suspeito a dizer, já que eu não li os livros de Ransom Riggs que deram origem a trama.
Mas independente de ser ou não fiel a sua fonte, Burton criou um filme do qual facilmente o público em geral se identifica: garoto comum chamado Jacob (Asa Butterfield) descobre através do seu avô um orfanato com crianças, cujo seus dons fazem com que elas se isolem da humanidade. Ao dar de encontro com essa realidade, isso faz com que o jovem protagonista descubra suas reais raízes e ligadas aquele mundo.
Numa primeira analise, o filme parece uma mistura de X-Men com Harry Potter, mas diferente do que se viam nessas franquias, essas crianças não são destinadas a salvar o mundo, mas sim viverem com os seus dons, independente de ter ou não contato com as pessoas comuns. Como não poderia deixar de ser, há sempre um professor para melhor orientar esses personagens especiais e cabe então a personagem enigmática Srta. Peregrine, interpretada com elegância e ambiguidade pela bela e talentosa Eva Green.
Uma vez apresentado aquele mundo, Jacob se torna os nossos olhos perante a essa realidade, onde acaba conhecendo gradualmente cada uma das crianças e de seus dons peculiares. Embora algumas tenham pouco espaço da trama, cada uma tem uma especialidade distinta, da qual se destaca, principalmente quando todos trabalham em grupo. Ponto para Burton, já que se preocupou ao criar aquelas jovens figuras como não decorativas, mas sim reais e humanas. 
Embora seja inspirado num conto infanto-juvenil, Burton foi cauteloso em querer ousar em algumas passagens da trama, ao fazer com que elas se tornem no mínimo curiosas e estranhas perante aos nossos olhos. Isso acontece principalmente quando são apresentados os vilões, sendo que alguns deles foram apelidados de “Monstros sem Olhos”, cuja suas imagens são no mínimo desconcertantes: a cena que essas criaturas devoram os olhos de algumas crianças peculiares é bem aterradora.
Falando em vilões, boa parte deles é liderada pelo sombrio personagem Barron, interpretado por um Samuel L. Jackson completamente fora do seu habitat natural. Embora talentoso, infelizmente parece que Jackson anda nos brindando com bons desempenhos somente nos filmes de Tarantino, já que ele dá a impressão, de que pelas mãos de outros cineastas ele nunca realmente se solta. Mas talvez eu esteja exigindo demais do astro, já que é a primeira vez dele no universo de Tim Burton e se seu personagem não ajuda, também não quer dizer que atrapalha.
Mas o que eu mais tinha receio quando eu fui ver esse filme, é se Burton teria cuidado nas cenas de ação que exigem efeitos especiais, já que ele meio que errou a mão no ato final de Sombras da Noite (2012). Felizmente Burton deve ter ouvido as críticas, já que quando acontecem cenas de ação que exigem efeitos visuais, elas nunca soam exageradas, mas sim muito bem inseridas e fazendo com que a gente compreendesse muito bem o que acontece na tela. Não tem como não deixar de gostar do ato final onde a ação se passa num píer, onde Burton presta uma bela homenagem ao clássico de aventura Jasão e os Argonautas (1963). 
Embora seja um cineasta autoral que divida opiniões, Tim Burton prova novamente que sabe agradar o grande público e O Lar das Crianças Peculiares é um pequeno convite para as pessoas comuns adentrarem a um ambiente estranho, mas encantador. 

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CinemaTV: Desvendando TEOREMA



Deixamos um pouco de lado os resultados das eleições (filmes de terror são bem mais construtivos) e vamos falar um pouco de uma revista de cinema que vale muito a pena ler que é Teorema. Num tempo em que revistas de cinema vão perdendo espaço para os sites da internet, essa revista criada em Porto Alegre se diferencia se comparada as outras existentes, pois acima de tudo, fala unicamente sobre cinema de  qualidade e que merece ser conferido.
Confiram o vídeo abaixo e assinem o canal.   




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