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Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Cine Especial: Produtores tocam a tesoura, mas e nós como ficamos?



Desde que Esquadrão Suicida estreou nos cinemas o filme tem dividido bastante o público e a crítica, alguns alegando que faltam cenas do Coringa (Jared Leto), outros dizendo que a montagem é confusa por falta de cenas mais explicativas e fazendo com que algumas  não faça sentido. É mais do que lógico que os produtores, em última hora cortaram inúmeras cenas para deixar o filme ágil, ou simplesmente quiseram deixar o filme menos sombrio para atrair mais a massa. O problema é que eu acho que os produtores da Warner não se deram conta que cinéfilo de hoje tem um olhar mais apurado, principalmente aqueles que são fãs de HQ e que desejam que suas histórias e personagens preferidos sejam levados para a tela de uma forma decente.
Como a Warner/DC está correndo contra o relógio para criar um universo próprio no cinema, assim como a sua rival Disney/Marvel, se percebe que nessa situação, o ditado que diz, “a pressa é inimiga da perfeição”, é mais do que verdadeira. Mesmo que o filme esteja arrecadando bem nas bilheterias, o estúdio terá que se curvar aos fãs e terão que lançar uma edição definitiva (que alguns dizem seria 2h45min) e deixar o filme mais perfeito possível numa edição futura em Blu-Ray. Assim como deu muito certo uma versão estendida para Batman Vs Superman, pode muito bem dar certo para o Esquadrão.
Mas se vocês acham que a edição final equivocada de determinados filmes é um problema de hoje saibam que estão enganados. Filmes clássicos, que hoje são considerados até mesmo obras primas, já passaram pelo mesmo calvário nas mãos de produtores que pensavam mais em dinheiro do que a qualidade final da obra. Abaixo, segue abaixo cinco exemplos de filmes clássicos e que levaram algum tempo para ser vistos da forma como realmente deveria ter sido.

Era uma vez no Oeste (1968)
 A obra prima de Sergio Leone é uma verdadeira experiência sensorial, onde longas cenas em que os protagonistas somente se encaram já conquistam o espectador. Porém, nem sempre foi assim, pois o estúdio Paramount não gostou do que o cineasta criou e decidiu que era obrigatório que houvesse cortes. Se você apreciou o filme hoje, saiba o que não tinha no filme quando foi lançado nos EUA: Henry Fonda atirando no menino na cena do massacre; a cena da parada na taverna; Gaita (Charles Bronson) levando uma surra de homens da cidade (nota: essa sim nunca foi vista por ninguém) e a morte do personagem Cheyenne (Jason Roberts) nos minutos finais da projeção.
Mutilado, foi assim que os americanos assistiram ao filme na época, mas que mesmo assim não escapou de um fracasso injusto. Porém, o filme (sem cortes) fez um grande sucesso França, ficando até mesmo quarenta semanas numa única sala de cinema e provando que os franceses captarão a proposta final de Sergio Leone. Visto hoje, e sem os seus corte infelizes, o filme é considerado uma obra prima do faroeste em todos os sentidos.      

O Exorcista (1973)
O filme passou por inferno para ser filmado, mas mesmo assim, a montagem final agradou tanto os produtores quanto o cineasta William Friedkin e o sucesso na época foi gigantesco. Mas quando o filme foi relançado nos cinemas em 2001, tanto os produtores como o cineasta concordaram em inserir doze minutos de cenas adicionais. O resultado é um filme com algumas cenas já existentes, mas um pouco diferentes, estendidas e cenas inéditas. Talvez a cena mais famosa dessa nova edição é quando Reegan (Linda Blair) desce as escadas de costas como se fosse uma aranha.
Porém, a grande diferença fica por conta dos minutos finais da trama, deixando de lado um tom mais pessimista e abraçando um lado mais esperançoso após os horrores que os personagens passaram. Nesse caso, essa edição final me agradou, assim como produtores e cineasta que concordaram em ambas as partes com o corte final e definitivo da obra.   
 
Apocalypse Now (1979)
Os problemas de filmagens que Francis Ford Coppola passou durante a criação desse filme foram tão grandes que ele mesmo por pouco não cometeu suicídio. Fora isso, foram prazos de filmagens estourados, furacão destruindo cenários, Martin Sheen tendo um ataque cardíaco, Dennis Hopper chapado, Marlon Brando nem aí com o projeto e a mídia se alimentando disso. Mas a recompensa tarda, mas não falha. O filme estreou se tornado grande sucesso de público e crítica e abocanhando inúmeros prêmios.
Contudo, foram tantos meses que o cineasta e técnicos ficaram filmando em Manila, que há quem diga que o corte final do cineasta queria era de duzentos e oitenta e nove minutos. Porém, quando o filme foi lançado ficou num total de cento e cinquenta e três minutos, sendo essa uma opção dos produtores. Mais eis que em 2002 o cineasta lançou uma versão no cinema (posteriormente em DVD), contendo 202 minutos de projeção e se intitulando edição Redux. 
Esse novo corte do diretor, contem mais cenas de ação, passagens da trama inéditas (como o encontro dos soldados com as coelhinhas da Playboy após o show) e mais cenas com a participação de Marlon Brando. Mesmo longo, essa nova edição possui um ritmo bem melhor, provando que nem sempre filmes longos é sinal de aborrecimento, mas sim algo muito melhor apresentado.  

Blade Runner (1982)
Diferente da edição definitiva que conhecemos hoje, o filme havia sido lançado em 1982 com uma narração off do protagonista, alguns erros de continuidade nítidos e um final esperançoso e que não tinha nada a ver com o que havia sido apresentado anteriormente. Fora isso o filme havia estreado justamente no mês de ET e o público da época preferia mais em ver um filme cheio de luz e esperança do que um filme pessimista com relação ao futuro da humanidade. O resultado foi um fracasso, mas que logo foi ganhando admiradores através das cinematecas, lançamento em vídeo cassete e se tornado rapidamente em um filme Cult.
Porém, no início da década de noventa, a Warner lançou uma espécie de versão do diretor Ridley Scott, onde não há a narração off e tão pouco o final feliz. Essa versão é a que sustentou a possibilidade de que Rick Deckard (Harrison Ford) seria na realidade um replicante. Na edição definitiva lançada em comemoração aos vinte e cinco anos de lançamento, o filme ganhou um novo brilho em sua fotografia, erros de continuidade foram limados, algumas pequenas cenas inseridas, nada de narração off e mantendo o final pessimista que todo mundo queria.  

 Era uma Vez na América (1984)

Infelizmente Sergio Leone não pode apreciar a sua versão como ele queria desse filme para o cinema, já que os produtores se assustaram tanto com a longa duração (3h50min) que exigiram que o filme passasse por inúmeros cortes para aí sim ser exibido no cinema. Com duas horas e nove minutos o filme foi lançado, mas se tornando um fracasso de público e crítica. Posteriormente o filme seria exibido numa versão para a TV contendo cento e noventa e dois minutos.
Mas a edição final que o cineasta realmente queria, somente seria lançada em vídeo, com duzentos e vinte e nove minutos de duração, deixando a trama muito mais clara e valorizando uma das melhores trilhas sonoras criadas por Ennio Morricone. Infelizmente Sergio viria morrer em 1989 e não pode testemunhar o fato do filme ter se tornado gradualmente uma das maiores obras primas da década de oitenta e da história do cinema.



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