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Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quarta-feira, 30 de março de 2016

Cine Dica: Em Cartaz: Nuevos Cines – Cinema Argentino Contemporâneo: DOIS DISPAROS




Sinopse: Mariano (Rafael Federman), um adolescente de 16 anos, encontra uma arma de fogo no meio das ferramentas de seu pai, e decide atirar contra si mesmo, duas vezes. Porém, para a surpresa de todos, o rapaz sobrevive, com a bala presa em seu corpo. Porém, o ato ainda trará conseqüências para a sua vida e a daqueles que o rodeiam.
 
O novo cinema Argentino tem proporcionado ótimos filmes, dos quais se tem um analise aprofundada, não somente da sociedade contemporânea daquele país, como também ela pode ser vista de uma forma até mesmo universal. Filmes como Medianeira e Um Conto Chinês, por exemplo, sintetizam o glamour das grandes cidades, mas ao mesmo tempo escancara a corrida desenfreada do dia a dia, ao ponto das pessoas perderem gradualmente a melhor forma de se comunicar umas com as outras. Com um humor negro irresistível, o cineasta Martin Rejtman (La Libertad) cria em Dois Disparos um mosaico sobre a falta de comunicação de uma família, mesmo numa situação delicada e que era necessário uma conversa.
No momento em que o jovem Mariano (Rafael Federman) dá dois disparos com um revolver contra si mesmo, tanto o seu irmão como a sua mãe (Susana Pampin) tomam medidas extremas para cuidá-lo, principalmente pelo fato que uma bala ainda se encontrar dentro dele. Mas se por um lado eles tomam medidas necessárias para que o garoto não faça isso de novo (como esconder facas, por exemplo), não se vê em nenhum momento deles pararem para conversar com ele sobre o que fez. Ao invés disso, existe um ar de sarcasmo que paira entre eles, principalmente vindo do jovem suicida, que leva a situação como se nada tivesse acontecido e fica praticando musica com a sua flauta ao lado do seu grupo de músicos.
A todo o momento o sarcasmo vindo de cada personagem proporciona piadas certeiras, das quais dificilmente alguém deixará de rir, mesmo com a seriedade que cada um deles transmite a todo o momento. É como se eles tivessem jogado a toalha e desistido de tentarem compreender sobre a vida alienada da qual eles vivem e se entregando a realidade crua através de palavras cruas, porém verdadeiras. Não há máscara que resista por muito tempo para cada pessoa desse mundo, sendo talvez essa a proposta que o cineasta queira passar para nós desse lado.
A falta de comunicação tem as suas origens, mas é cada um que tira suas próprias conclusões quando se assiste ao filme. Percebemos, por exemplo, que não há pai nessa família e não se explica o do porque de sua ausência. Percebe-se também que há alguns personagens que não tem noção do que acontece em volta, como no caso do irmão de Mariano, que se interessa por uma atendente de uma lanchonete, mas não a reconhece em outra ocasião quando ela está sem o uniforme.
Essa falta de comunicação e atenção, por mais errônea que seja, proporciona momentos engraçados e curiosos. Bom exemplo disso é quando entra em cena a personagem Lucia (Manuela Martelli), que entra no grupo de música de Mariano acreditando que a situação é uma coisa, quando na realidade não é bem assim do que ela imaginava. Contudo, é curioso que a personagem leve a situação na esportiva e se tornando uma das personagens mais interessantes da trama, mesmo aparecendo somente da metade para o final do filme.
Aliás, é curioso observar que a todo o momento há personagens que entram e sai sem maior cerimônia, o que poderia até mesmo desagradar o cinéfilo que assiste. O passo em falso do roteiro poderia ser no terceiro ato final, onde a mãe decide viajar para praia com um grupo de personagens novos e proporcionando uma nova sub-trama dentro da trama principal. Porém isso é contornado, graças ao fato do humor negro continuar predominando nesses personagens e fazendo a gente não se desinteressar sobre o que acontece em seguida.
Com minutos finais que sintetizam a obra como um todo, Dois Disparos é um retrato alienado e com altas doses de humor negro sobre a nossa sociedade contemporânea atual, cada vez mais se esquecendo de como realmente se comunicar com o próximo e deixando tudo no piloto automático.   
Nota: O filme será novamente exibido no dia 10 de abril na Usina do Gasômetro. Veja a programação completa de Nuevos Cines – Cinema Argentino Contemporâneo clicando aqui.

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