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Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Cine Dica: Em Cartaz: NO CORAÇÃO DO MAR


Sinopse: No rigoroso inverno de 1820, o navio baleeiro Essex, comandando pelo capitão Owen Chase (Chris Hemsworth), é atacado por uma baleia gigante, conhecida como Moby Dick. A embarcação sofre um naufrágio e a tripulação passa 90 dias à deriva tentando sobreviver.


Ao longo dos anos meus pais sempre ficavam falando de como ficaram fascinados ao assistirem o filme Boby Dick de 1956 e estrelado por Gregory Peck na TV. Anos depois tive o prazer de assistir essa obra em DVD e ao mesmo tempo descobri que é baseado num clássico da literatura escrito pelo romancista Herman Melville em 1851. O que eu não sabia até alguns anos atrás é que a obra é baseada em fatos verídicos, cujo eles se encontram no livro Coração do Mar, escrito pelo historiador Nathaniel Philbrick e que agora é levado as telas numa super produção.
Dirigido por Ron Howard (Rush - No Limite da Emoção) acompanhamos a jornada do baleeiro Essex, cuja missão da tripulação é caçar baleias e retirar delas o óleo que dá luz as cidades daquele tempo. A tripulação é comandada pelo capitão George Pollard  (Herman Melville), mas liderada pelo primeiro almirante Owen Chase (Chris Hemsworth) e se criando assim uma rixa entre ambos ao longo da viagens. As desavenças entre eles começam a se desfazer, no momento que precisam unir suas forças, para que a viagem tenha sucesso, mas ao mesmo tempo quando precisam sobreviver perante aos ataques de uma imensa baleia branca.
Tudo é narrado pelo sobrevivente Old Thomas Nickerson (Brendan Gleeson), que dá todas as informações para o escritor  Herman Melville (Ben Whishaw) que havia ouvido histórias sobre os ataques da baleia que eles haviam sofrido e decidiu procurá-lo, para escrever o relato e para sim criar um livro de ficção. Com essa informação, se você for assistir ao filme achando que é mais uma nova versão de Moby Dick se engana, pois a história verídica se diferencia da história que se tornou clássica. Porém, é impressionante que uma história real como essa se torne tão fascinante quanto aquela que nós conhecemos e com muito mais profundidade com relação da velha trama de homem x natureza.
Embora se passe em 1821, é um filme que fala sobre o nosso tempo atual, mas precisamente sobre a corrida em busca de recursos de energia e não permitir que as cidades vivam na escuridão. Se hoje vivemos da água e do petróleo para sobrevivemos, naquele tempo caçavam animais livres pelo mar, pois acreditavam cegamente que era a única fonte de energia para eles. Com isso, o filme não busca tratar os personagens como mercenários marítimos, mas sim como pessoas comuns que buscam a sua sobrevivência, mesmo que sujem as suas mãos matando esses animais inocentes do mar.
Se o filme poderia render polêmicas ao vermos caçadores de baleias como protagonistas, o roteiro se encarrega numa forma de nós não taxá-los como maus. Bom exemplo disso é a cena que, após matarem uma baleia, o sangue esguicha nos rostos dos personagens Owen Chase e no jovem Old Thomas Nickerson (Tom Holland). Suas expressões de incompreensão sobre o que fizeram são sentidas, talvez até de arrependimento, mesmo sabendo que é um mal necessário a ser feito.
Porém, se os ambientalistas que forem assistir a esse filme não perdoarem mesmo assim, o castigo vem logo a seguir. No momento em que eles caçam um grande grupo de baleias, eles começam a ser atacados pela imensa baleia branca. É nesse momento que o cineasta  Ron Howard capricha nos efeitos especiais, embalado com um 3D indispensável  e em ângulos de cenas inusitados, mas ao mesmo tempo gerando um grau de verossimilhança e fazendo com que embarquemos em cada cena. Após um último ataque mortífero da baleia branca, o filme adentra num território ainda mais sombrio para os protagonistas.
Se antes a gente estava assistindo um filme que, por vezes, lembrava elementos de filmes como Tubarão ou Mestre dos Mares, no segundo ato em diante adentramos a um cenário já visto em filmes como Naufrágio e As Aventuras de Pi, em que a sobrevivência é o principal foco de todos. Durante noventa dias, os personagens ficam a deriva, lutando contra a fome e contra a própria insanidade. É nesse momento que as interpretações de todos os atores atingem o seu ápice, até mesmo para aqueles secundários, como no caso do personagem Cillian Murphy que nos comove e rouba a cena sempre quando surge.
Porém a alma do filme pertence ao ator Chris Hemsworth: sempre com a pose de heróis de filmes de aventura, desde que começou a interpretar Thor no cinema, Hemsworth tem se dedicado cada vez mais em papeis que desafiam a sua veia artística. Aqui ele é o herói, mas humano, falho em suas ações e que sofre o diabo ao lado dos seus companheiros, ao ponto de mudar drasticamente o seu físico e se transformando numa imagem pálida do que ele foi um dia. 
O filme se encaminha a um ato final aonde os personagens se apresentam em frangalhos, onde se humilham e fazem o impensável para sobreviver no mar sem fim. No final não há vencedores ou perdedores perante a força da natureza, mas sim um aprendizado a ser pensando, sobre qual é o papel do homem nesse mundo imenso, mas misterioso, e até mesmo um questionamento é levantado sobre aonde Deus se encaixa nisso tudo. A ambição e arrogância do homem são necessárias para que eles vejam o quão estão errados sobre o que acreditavam?
São perguntas que podem gerar inúmeras respostas, cujos debates se estendem até mesmo fora da tela. No Coração do Mar é um belo filme de aventura, onde a humanidade abraça as suas limitações, mas ao mesmo tempo se fortalece perante os seus erros e obstáculos que surgem nesse imenso mundo de mistérios. 
 
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