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Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 25 de maio de 2015

Cine Dica: Em Cartaz: O Desejo da minha Alma



Sinopse: Um grande terremoto atinge o Japão e deixa milhares de pessoas mortas e feridas. A pequena Haruna e seu irmão Sotha ficam órfãos, e são acolhidos pelos tios, que cuidam muito bem deles. Mas as crianças não conseguem se acostumar à vida sem os pais. Haruna tem problemas na nova escola, e Sotha não compreende que o pai e a mãe realmente se foram.
 
A trama se inspira no ultimo desastre que aconteceu no Japão (em decorrência a um terremoto/tsunami de 2011). O filme utiliza um olhar pessoal para dissecar as mudanças pelas quais passam duas crianças em um momento de fragilidade e incerteza. Nos primeiros momentos, a menina Haruna aparece retirando os escombros da sua casa a procura do pai e da mãe, mas que infelizmente já se encontram mortos.
Ao lado do irmão Shota, que na realidade não sabe dos destinos dos seus pais, ambos se mudam para a casa dos tios para recomeçarem as suas vidas.  Um dos caminhos explorados pela direção é manter as informações importantes que, sejam compreendidas pelo cinéfilo, através de situações em que as cenas falam por si: o enterro dos pais das crianças é visto, mas curiosamente não é dito que são eles os mortos.
Esse momento é confirmado somente minutos depois, na cena sobre a guarda das crianças, ou quando ocorre a mudança de forma gradual. Sem querer tratar do assunto de perda numa forma direta, mas não conseguindo esconder sempre nas aparências, o cineasta Masakazu Sugita coloca o cinéfilo numa situação similar com a do seu irmão: temos consciência do que ocorreu, mas ao mesmo tempo ficamos em diversas duvidas que mais pareça funcionar como uma espécie de proteção contra a dura verdade.
Devido a isso, o grande clímax aonde a menina desabafa para o seu irmão, sobre o que realmente aconteceu com os seus pais, pode ser triste, mas é como se ela (e nós) tivesse largado uma imensa pedra que ela estava carregando nas costas. Sempre filmando as cenas com um enquadramento quase sempre fixo, o diretor nos leva sem pressa alguma, revelando gradualmente os problemas internos dos personagens principais: a tia que, não esconde o desejo de ter uma filha quando começa a pentear os cabelos de sua sobrinha, mas por outro lado, se sente presa em amarras devido à ausência do marido; o primo que gradualmente revela estar completamente insatisfeito em não ser mais a única criança da casa; shota demonstrando inúmeros momentos de pureza, mas não escondendo que já possui certa noção da sua nova realidade; e Haruna adota o papel de irmã mais velha (e porque não dizer mãe precoce) responsável e pouco demonstrando sentimentos por tudo que aconteceu, mas chegará um momento em que suas dores terão que ser colocadas para fora antes que seja tarde demais. 
O Desejo da Minha Alma não possui grandes cenas e tão pouco tem essa pretensão. Porém, é graças ao seu elenco, conduzido de uma forma surpreendente pelo estreante diretor Masakazu Sugita, que se torna uma obra humana sobre aceitar a perda de entes queridos quando acontece e souber da melhor maneira de enfrentar isso, independente de quando isso acontece. 

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