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Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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sexta-feira, 24 de maio de 2013

Cine Especial(HQ): ESTRANHOS NO PARAÍSO: PARTE 5

ESTRANHOS NO PARAÍSO: 
 TEMPOS DE COLÉGIO

Sinopse: Tempos de Colégio, o sexto volume da série, mostra como Katchoo e Francine se conheceram no segundo grau e os conturbados acontecimentos em suas vidas.É uma história sobre a inquietude dos sentimentos e a desolação diante de um mundo que parece não ser o seu. Sobre relações familiares desestruturadas, seja em tons de preto-e-branco ou sob um fino véu cor-de-rosa. E é sobre perda. Mas principalmente, como é a tônica de toda a série, sobre encontrar o abrigo e o amor que nos fazem continuar. Ainda, retornando ao presente das garotas veja uma história em que, após bater a cabeça, Katchoo se imagina num mundo no qual Francine é Xena, a Princesa Guerreira, e ela sua fiel ajudante. 


Embora esse seja o sexto volume da série, Terry Moore surpreendeu em dar uma pausa nas tramas vistas no presente e viajar então no tempo, mais precisamente nos dias em que Katchoo e Francine se conheceram na escola. Embora a trama interrompa o percurso dos acontecimentos que estavam acontecendo, o volume é muito bem vindo, pois serve como ponto de partida para aqueles que não haviam lido as edições anteriores e explora ainda mais os motivos que levaram a dupla central há ter uma ligação de amor e amizade tão forte ao longo dos anos.   
Sabiamente, Terry Moore apresenta a dupla central ao mesmo tempo, mas em quadrinhos separados e em seus respectivos lares. Aqui, vemos como essas duas são bem diferentes uma da outra: Francine (aparentemente) parece uma adolescente perfeita, com uma família perfeita e com todos os desejos comuns que uma jovem americana deseja ter. Já Katchoo, vemos que a vida dela é um tanto que rebelde e de cara vemos que sofre nas mãos de um padrasto inconsequente  São dois lados completamente diferentes, onde aparentemente não existia nenhuma possibilidade de que haveria um contato forte entre as duas, mas bastou um momento na sala de aula que mudasse esse quadro. Após um desastroso poema apresentado  por Fred Femurs (o futuro e chato ex namorado de Francine), a professora pede para Kachoo apresentar o seu poema:

Esta Mascara que eu uso.
Por Katchoo

Está máscara que uso por você me foi dada
em uma noite de inverno, sob as arvores,
o azul e negro dela são uma mortalha em minha vida
envolvendo meus olhos e toldam meu olhar.

Esta máscara que uso finge que estou aqui
e me esconde do terrível pavor
de que você possa achar meu coração
e tomá-lo também sob as arvores.

Está máscara que eu uso para me esconder da dor.
é tudo que tenho para manter a sanidade
Foi só um tombo, é o que você e manda dizer
nenhuma palavra pode este inferno deter   

Está máscara com a qual, rezo a Deus, por que
ele tanto me odeia para me ver morrer
um pouco mais a cada madrugada
em que este homem vem e minha alma é violada

Mas a garotinhas, meu amigo, crescem
e aprendem os maldosos caminhos dos homens.

Está máscara que eu uso cairá no dia
em que a máscara que uso sobre seu tumulo repousar      

Por fim, enquanto todos ficaram paralisados (para logo em seguida ignorarem), somente Francine é que teve coragem de ir até  Katchoo e elogiar o seu poema. Neste exato momento, os dois universos que pareciam completamente diferentes um do outro, começaram a enxergar as qualidades que ambos tinham. A relação de amizade e futuro amor começa com as visitas de Katchoo batendo na janela de Francine, onde ambas conversam sobre a peça (Estranhos no Paraíso) no qual Francine irá participar.

Nesse momento se cria um “porto seguro” em que ambas enxergam uma na hora, pois no final das contas, ambas eram solitárias em seus respectivos mundos: Francine parecia à menina perfeita, mas bem da verdade não tinha amigos, sendo que poderia facilmente servir de alvo de gozação dos outros alunos e tudo dava á entender que sua família estava a caminho de uma crise. Já Katchoo além de ser rebelde e ter opinião própria, já sofria certo preconceito sobre os boatos de ser lésbica. A relação de ambas deu certo desde o principio, porque elas jamais colocaram em primeiro plano os seus defeitos, mas sim as suas qualidades e respeito que sentiam uma pela outra.
Infelizmente nem tudo foram flores para as duas garotas, pois Francine atuaria na peça (Estranhos no Paraíso), onde aconteceria um embaraçoso imprevisto (visto no primeiro arco) e que a tornaria alvo de gozação de toda a escola. Já Katchoo seria brutalmente espancada e estuprada pelo seu padrasto, sendo um acontecimento que a marcaria pelo resto da sua vida. Ambas em um inferno astral, Terry Moore cria um pouco de alivio, quando Katchoo (toda ferida) vai em busca de refugio nos braços de Francine, que vive também o seu pior momento na vida.    

Após ambas viverem pesadelos reais, as duas protagonistas nada podem fazer, a não ser encarar o dia seguinte, mas por caminhos diferentes: enquanto Francine encara toda a escola, Katchoo toma a difícil decisão de abandonar a cidade, principalmente após ter sido ignorada por uma mãe negligente. Nas ultimas paginas, Terry Moore nos brinda com um dos melhores e mais tristes momentos da série, que embora saibamos que ambas voltariam a se reencontrarem nas historias do presente, isso não impede de nos sentirmos aquela sensação de aperto na garganta e de tristeza, principalmente quando Francine se da conta que finalmente havia achado a sua melhor amiga, mas que infelizmente ela teria que ir embora.
Os últimos quadros fecham com chave de ouro o arco, onde mostra uma  Francine mais velha, vista pela ultima vez no inicio do arco Love Me Tender e observando o seu amor de longe. Mesmo sendo o arco mais curto da série, Terry Moore criou uma bela historia sobre o amor e amizade de uma maneira tocante, sincera e que explora os significados que levam os opostos se atraírem de uma forma tão forte. Uma historia que não se leva em conta as diferenças que cada um de nos temos, mas os sentimentos puros isso sim é o que contam.  
        

Nota: Além dessa tocante historia, no final do álbum há uma pequena homenagem que Terry Moore faz a série Xena: A Princesa Guerreira, que estava fazendo sucesso na época e que por coincidência, as protagonistas de Estranhos no Paraíso tem muito mais em comum com as protagonistas daquela série do que podíamos imaginar.


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