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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 17 de abril de 2017

Cine Dica: Em Cartaz: MARTÍRIO



Sinopse: A grande marcha de retomada dos territórios sagrados Guarani Kaiowá através das filmagens de Vincent Carelli, que registrou o nascedouro do movimento na década de 1980. Vinte anos mais tarde, tomado pelos relatos de sucessivos massacres, Carelli busca as origens deste genocídio, um conflito de forças desproporcionais: a insurgência pacífica e obstinada dos despossuídos Guarani Kaiowá frente ao poderoso aparato do agronegócio.



Quando eu estiver escrevendo essa matéria estará fazendo exatamente um ano desde que o Brasil enfrentou o seu segundo golpe na história. Tendo a casa do congresso tomada por corruptos, intolerantes e retrógrados, o Brasil vive num momento delicado, onde homens dentro do poder não se importam com as necessidades do povo, desde que consigam sempre então adquirir algum lucro. Se essas pessoas criam leis das quais somente martirizam o povo, o que dizer então sobre o que eles pensam com relação aos verdadeiros donos dessa terra e que até hoje lutam para viver nela.
Dirigido por Vincent Carelli e codirigido pelo fotografo Ernesto Carvalho e pela montadora Tita, Martírio revela a luta dos índios Guarani Kaiowa, que há décadas lutam pela reconquista de suas terras. No decorrer do documentário, testemunhamos as origens desse conflito, bem como registros recentes e a posição do governo atual perante essa batalha entre os índios e os donos das fazendas, dos quais se dizem os verdadeiros donos das terras. De forma corajosa, os realizadores acompanham o dia a dia dessas pessoas, nem que para isso corram o sério risco de levarem um tiro no fogo cruzado.
Mais do que revelar sobre a cruzada atual do índio brasileiro atual, o filme desvenda inúmeras histórias, até então desconhecidas pela maioria das pessoas, onde revela a via cruz desse povo que sofreu nas mãos do homem branco ao longo das décadas.  Passando a idéia de bons samaritanos através da mídia da época (início do século 20), o governo desde o principio camuflou os reais motivos que levaram a se interessar em ajudar o povo indígena, quando na realidade estavam mais interessados em suas terras e para sim estender o império rural liderado no principio pela erva mate. Após o conflito da guerra do Paraguai, muitos indígenas se espalharam pelos dois países, mas que gradualmente foram tentando reconquistar o que tinham por direito, mas com duras penas durante o processo.
Vincent Carelli e sua equipe acompanharam por mais de dez anos o povo indígena no Mato Grosso do Sul e revelando através de cenas impactantes as suas lutas do dia a dia por lá. Através de depoimentos, testemunhamos revelações dramáticas de inúmeras pessoas, das quais revelam a perda e retomada sofrida, não só de suas terras, como também testemunharem a morte de inúmeros parentes e dos quais não recuaram perante o inevitável. Não há como não se chocar ao testemunharmos o depoimento de alguns deles, onde eles fazem questão de ir ao interior de determinadas fazendas que um dia pertenceram a sua gente, para então revelar os túmulos dos quais se encontram os seus irmãos de sangue.
Mas o que torna ainda mais chocante, para não dizer trágico, é testemunharmos os discursos intolerantes de deputados que se dizem a serviço do povo, quando na verdade estão a serviço de si próprios e querendo defender no congresso a sua visão retrógrada com relação aos indígenas. A favor de leis que das quais dão poder para agir livremente e gerar inúmeras represálias contra as tribos, esses deputados não somente escancaram o desejo de protegerem os seus negócios rurais, como também revelam os seus pensamentos preconceituosos e intolerantes. O resultado disso é revelar o lado podre da policial federal, por exemplo, que nada mais faz do que representar esses homens gananciosos e que valorizam mais a cabeça de um boi do que inúmeras crianças indígenas juntas.
Mas quando se achava que testemunhamos tudo de pior, eis que justamente por aqui no RS, é revelado o pior do ser humano atual e o grande ápice do documentário como um todo. Em 2014, numa audiência pública da qual “abrigava leilão da resistência” os deputados ruralistas gaúchos Luis Carlos Heinze (PP), o ganhador principal da época, e Alceu Moreira (PMDB) proferiram discursos de intolerância: “povos indígenas e quilombolas, e homossexuais, são todos que formam o tudo o que não presta", segundo a visão de Heinze.
Mais do que um documentário, Martírio é um filme denúncia, pois não somente revela as represálias que os indígenas sofrem todos os dias no país, como também escancara o lado podre e golpista dos políticos de ontem e hoje. 

Em Cartaz na Sala Cinebancários: Rua General da Câmara, nº424, centro de Porto Alegre. Horários: 17h e 20h. 


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Um comentário:

Marcelo Castro Moraes disse...

Recomendo muito esse filme