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Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 27 de março de 2017

Cine Dica: Em Cartaz: SILÊNCIO



Sinopse: No século 17, o padre Ferreira (Liam Neeson) vive no Japão e caiu em desgraça ao renunciar a sua fé. Preocupados com a situação, os padres jesuítas Rodrigues (Andrew Garfield) e Garupe (Adam Driver) viajam ao país para procurar o mentor Ferreira e propagar o cristianismo entre os japoneses.

Quando Martin Scorsese lançou no final dos anos 80 o filme A última Tentação de Cristo, o público o recepcionou com paus e pedras, pois jamais aceitaram na época um Jesus mais humano e que tenha tido uma relação com Maria Madalena. Vários anos se passaram e acredito que hoje aja espaço para ser debatidos no cinema inúmeros tabus com relação à religião, mesmo quando se vê em telejornais, por exemplo, a violência vinda de intolerância religiosa. No épico Silêncio, Scorsese nos convida para debater sobre essas questões e muitas outras, através de uma cruzada de dor e redenção do qual os protagonistas passam a sentir da pior maneira possível.
No século 17, dois padres jesuítas, Rodrigues (Andrew Garfield) e Garupe (Adam Driver) vão ao Japão para saber do paradeiro do seu professor e padre Ferreira (Liam Neeson) que não havia mais dado noticias após o envio de uma reveladora carta. Ao chegarem à terra do sol nascente, Rodrigues e Garupe dão de encontro com uma sociedade dividida, onde japoneses a serviço do governo capturam e torturam outros japoneses que aderiram ao cristianismo. Aos poucos, ambos os padres irão adentrar em situações das quais irão testar a sua própria fé e no que acreditam. 
Silêncio, já é um projeto bastante antigo do cineasta, mas que somente ganhou a luz a pouco tempo, graças ao fato de Scorsese ter já um bom tempo carta branca vinda de inúmeros estúdios, pois não é fácil de levar para ao cinema uma trama que toca num imenso vespeiro. Para começar, não espere ver os padres como os verdadeiros heróis da trama, mas tão pouco os japoneses que não aceitam a fé cristã, pois o debate aqui vai muito mais a fundo. Afinal, quem está realmente certo na vida com relação ao que acredita?
Religiões foram criadas pelo homem, das quais todas foram modificadas através do tempo, mesmo quando o seu teor principal até hoje se continua intacto. Infelizmente o homem se apegou a imagem e regras criadas pela igreja de uma forma tão forte, que parece até impossível a pessoa se reprogramar desde o princípio e começar a ter um pensamento mais aberto com relação ao mundo do qual vive. Scorsese então mostra de uma forma nua e crua que, o embate de pensamentos distintos sempre irá causar dor e morte, pois jamais será fácil mudar o que se pregou ao longo dos séculos.
Os jovens padres Rodrigues e Garupe vão ao oriente e tendo a certeza com relação no que sempre acreditaram, mas os horrores que presenciam fazem com que se perguntem se estão no caminho certo, pois ambos não escutam nada vindo do próprio Deus. O título silêncio, por exemplo, vem do fato da possibilidade de não haver nada além do que nós mesmos dizemos ao rezarmos pedindo ajuda a Deus, pois o que resta fica sendo somente a nossa força de vontade e a crença que, por vezes, nos cega fortemente. Não significa que o filme queira nos dizer para sermos descrentes, mas sim nos fazer perguntar a nós mesmos quem está certo ou errado nessa história?
O Japão é um país que possui inúmeras raízes, costumes e crenças das mais antigas da história da humanidade e bem diferente do cristianismo que, por sua vez, tem pouco mais de dois mil anos. Então imagine colocar esses dois mundos distintos se colidindo e pedindo para que um ou outro abandonassem o que acredita e se convertesse uma nova forma de vida para ver as coisas? O resultado sempre será deveras desastroso!
Posso ser católico e acreditar em Deus, por exemplo, mas reconheço que houve milhares de mortes ao longo dos séculos em nome do Senhor. Podemos nos horrorizar pela forma brutal que os japoneses usam para esmagar o cristianismo no decorrer do filme, mas ao mesmo tempo, nos faz a gente se dar conta que isso é um caso de inúmeros provocados pela persistência da igreja em querer doutrinar pessoas de povos tão distintos um do outro. Uma coisa é crer e pregar a paz, mas outra é radicalizar e provocar uma onda de mortes, destruição em massa e das quais, infelizmente, se prolonga até hoje. 
Com esse pensamento, eu creio que Silêncio talvez venha a ser um filme que irá gerar inúmeros debates no decorrer do tempo, mas que, infelizmente, não será todos os crentes desse mundo que irão conseguir apreciá-lo como um todo.   



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