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Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 20 de junho de 2016

Cine Dica: Em Cartaz: PAULINA



Sinopse: Paulina (Dolores Fonzi) preferiu deixar os estudos em advocacia para fazer trabalhos sociais e ser professora numa região pobre da Argentina. Na segunda semana de trabalho, Paulina é estuprada por um grupo e em vez de abandonar o lugar, segue com sua vida sem imaginar que os agressores são bem próximos dela.

Em países como o nosso em que a lei, por vezes, não é posta de uma forma correta, mas sim substituída de uma forma, cujos métodos são intolerantes, rápidos e clandestinos. Se me perguntarem sobre o que eu acho com relação ao aborto eu diria que sou contra, mas a favor de uma lei legal, para que assim acabem com essas clínicas clandestinas que somente prejudica ou até mata inúmeras jovens. É fácil apontar o dedo e acusar, mas quero ver saber dialogar de uma forma construtiva do por que apontar e julgar sem pensar.
Isso são temas cada vez mais recorrentes acontecendo em nosso país, principalmente onde passamos por um momento de crise política e onde ocorrem inúmeros retrocessos contra povo. Infelizmente a cultura do estupro, por exemplo, é uma realidade crua nossa, da qual o machismo, infelizmente, somente se fortalece entre homens que acreditam que podem cometer tal ato. Se o nosso cinema nacional atual não lançou um filme até recentemente que toque nesses assuntos espinhosos, eis que o cinema Argentino lança Paulina, um filme mais atual do que nunca.
Paulina (Dolores Fonzi) possui um futuro promissor na área da advocacia, mas ao invés de segui-la, prefere dar aulas para alunos de uma região pobre da Argentina e indo contra os desejos do seu pai (Oscar Martinez) que é um Juiz poderoso. Contudo, numa determinada noite na estrada, Paulina é pega e estuprada por um grupo de jovens da região. A protagonista, porém, não recua e continua seus trabalhos na escola, mas com a possibilidade de estar dando aulas para os seus próprios algozes.
Dirigido por Santiago Mitre (Leonera), o cineasta já nos brinda com um belo “plano sequência’, onde acompanhamos o dialogo entre pai e filha e os desdobramentos que irão acontecer dessa conversa. Já no cenário dos acontecimentos, o cineasta é hábil em apresentar dois núcleos da trama, dos quais ambos irão se colidir numa fatídica noite. Para a apresentação de ambas, o cineasta tem a proeza de retornar em duas cenas, das quais enxergamos por outra perspectiva e descobrindo os verdadeiros fatos das ações de determinados personagens.
Mas por mais que Mitre nos apresente a sua forma construtiva de filmar, é no roteiro e na estupenda atuação do elenco é que mora a alma do filme, ao começar pela protagonista Paulina: interpretada por uma intensidade assombrosa pela atriz Dolores Fonzi, Paulina é uma rocha com relação no que acredita, principalmente com relação às leis dos direitos humanos, mesmo tendo participado de uma experiência horrível e que poderia mudar a sua forma de pensar. Com um olhar que mais parece um oceano infinito, Dolores Fonzi passa todo o conflito interno que a sua personagem percorre, mas ao mesmo tempo demonstrando convicção e o desejo de seguir em frente, mesmo com a possibilidade inevitável de mudanças em seus planos de vida futuramente.
Por sua vez o seu “pai juiz”, sendo interpretado com intensidade pelo ator Oscar Martinez, é uma espécie de outro lado da mesma moeda. Embora pai e filha pertençam no mesmo mundo com relação às leis criadas por uma democracia, ambos praticam de formas diferentes. Se por um lado Paulina prefere acreditar no acredita, como no caso de leis que defenda os direitos humanos e que se coloque elas em pratica de uma forma coerente, por sua vez, o seu pai usa o seu poder como juiz para praticar a justiça com as próprias mãos em defesa da filha, o que levam ambos então em conflito.
Ambos em cena dialogando é a força matriz do filme, já que ali há um confronto entre ação e razão, do qual faz com que a gente compreenda ambos os lados e fazendo a gente pensar até que ponto as leis atuais, pondo elas em prática, podem ser exercidas de uma forma correta num mundo cada vez mais opressor. Paulina é uma força da natureza e que acredita no que sempre aprendeu ao longo dos anos, mas, se colocando em numa situação, da qual ela poderia facilmente virar a mesa, mas que prefere então agir de forma tolerante, compreensiva e agir da forma que não quebre os seus princípios. Um teste de força de vontade, da qual opiniões diversas se colidem e fazendo com que pessoas próximas a ela não consigam compreender o seu posicionamento, pois para eles seria mais fácil cortar o mal pela raiz, ao invés de sentar, entender e respeitar a posição dela.
Com um final poderoso e que deixa em aberto as inúmeras possibilidade sobre o futuro da protagonista, Paulina talvez venha a ser o filme mais universal do momento, do qual ele toca na ferida de inúmeras questões, mas que infelizmente muitos fogem para não compreender e sim abraçar uma ação rápida e intolerante. 




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