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Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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sexta-feira, 27 de maio de 2016

Cine Dica: Em Cartaz: DEMON

Sinopse:Um homem chega em uma desconhecida cidade, local onde sua noiva cresceu. Como um presente de casamento do avô dela, eles ganham um pedaço de terra onde possam juntos erguer uma casa e construir uma família. Enquanto preparam o terreno para a futura casa, o noivo acha ossos humanos na terra de sua nova propriedade. Coisas estranhas começam a acontecer e a interferir na vida do casal.
 

Alguns filmes ficam marcados por tragédias durante  ou após a produção. Um dos casos mais conhecidos, por exemplo, foi quando Brandon Lee morreu acidentalmente no filme que o consagraria em O Corvo. No caso de Demon a tragédia foi ainda mais explicita, pois o cineasta  polonês Marcin Wrona estreara seu filme no Festival de Toronto de 2015 e estava no Gdynia Film Festival, onde se preparava para a première polonesa de sua obra, quando cometeu o suicídio por enforcamento.
Wrona tinha apenas 42 anos e já era considerado um dos melhores representantes da nova geração do cinema polonês. Seu filme anterior, O Batismo (2010) possuía uma história de máfia com estilo autoral, com um suspense psicológico e violência. Em Demon, ele se aproxima do terror, e devido a sua precoce morte, o filme possui uma aura sombria, onde mais parece uma carta de despedida, onde se explora a lenda do Dybbuk, a crença judaica no espírito que se apossa do corpo dos vivos. 
No filme, os noivos Piotr (Itay Tiran) e Zaneta (Agnieszka zulewska) recebem de presente de casamento uma casa antiga da família dela, mas que a mesma exige umas melhorias. Durante uma escavação do solo no terreno do jardim, o noivo descobre ossos humanos. Estranhas manifestações começam a perturbar Piotr, que tem visões de uma mulher com roupas  antigas. O noivo estando possuído começa a transformar a festa de casamento em inúmeras situações inesperadas, onde o cineasta consegue a proeza de unir momentos de humor e suspense na medida certa.
A bela fotografia em tons pastel e a trilha sonora de Krzysztof Penderecki, sendo ninguém menos do que o responsável pelas trilhas dos clássicos O Exorcista (1973) e O Iluminado (1980), criam então uma belíssima união onde gera um clima  de  mistérios, onde o principal foco é o doloroso  passado dos judeus poloneses. Quem for assistir ao filme esperando o mais puro terror sanguinolento não se assuste, pois o próprio cineasta já havia deixado claro em outras ocasiões que suas intenções para esse filme não era para as pessoas pularem das cadeiras, mesmo que alguns momentos chaves da trama possuam situações que possam gerar tais feitos. 


 “O Dybbuk é uma alma que retorna não para assustar, mas sim para nos lembrar do respeito pela tradição”, afirmou. “Eu não queria de forma alguma que o filme fosse sobre o Holocausto. Queria tocar o aspecto místico da vida judaica-polonesa.”

  

Com isso, o filme é uma declaração de amor para um passado que não volta mais, e que cada vez é mais esquecido, unicamente pelo fato das novas gerações destruírem gradualmente o seu rico passado. Essa Crítica justa que o cineasta faz me fez lembrar o filme russo Leviatã, de Andrey Zvyagintsev, cuja sua proposta coincide com esse filme e até mesmo os minutos finais de ambos os filmes possuem algo de muito semelhante. O final pessimista da obra deixa mais perguntas do que respostas e fazendo com que a gente se pergunte até mesmo sobre a real origem sobre aquela imprevisível festa de casamento. 
Demon é um exemplo de filme de terror de qualidade, do qual não é preciso haver litros de sangue para ser bom, mas sim possuir uma ótima proposta nas entrelinhas e sair da sessão com debate na língua. 
 
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