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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Cine Dica: Em Cartaz: O MERCADO DE NOTÍCIA

“Se você não está em dúvida, é porque foi mal informado”

 Jorge Furtado
 


Sinopse: Jornalistas renomados discutem o papel da mídia e sua influência na democracia entre atos da peça cômica "O Mercado de Notícias", de Ben Jonson. Uma viagem no tempo desde o surgimento da imprensa, no século XVII, até os dias de hoje, em que a sede por informação é cada vez maior.

 

Vencedoras do BBB14, Vanessa Mesquita e Clara Aguiar são constantemente alvos de jornalistas amadores que por vezes criam noticias que são infundadas com relação as suas vidas pessoais. Com a morte recente do ator Robin Williams, inúmeros meios de comunicação levantam inúmeras hipóteses sobre os motivos que levaram o ator a se matar. O que ambos esses alvos da imprensa tem em comum? Audiência para a massa, que infelizmente essa última, se vê mais acomodada em saber a vida pessoal de alguém, do que saber de uma noticia importante sobre a economia, que pode futuramente afetar o bolso do cidadão.
No mais novo documentário do cineasta Jorge Furtado (Meu Tio Matou um Cara), ele cria um paralelo entre mundo jornalístico de ontem e hoje, através de entrevistas de profissionais da área (dentre eles Bob Fernandes, Mino Carta e Geneton Moraes Neto) e com um auxilio de uma peça de teatro, que é o que dá o nome ao documentário, escrita pelo dramaturgo, poeta e ator inglês Bem Jonson. Foi através dessa peça que ele teve inspirações para criar o documentário, reunindo os mais renomados jornalistas da atualidade.
Pelo que eu entendi na visão de Jorge Furtado, por exemplo, o jornal da época dos tempos de chumbo, comparados com os de uma década atrás, não eram muito diferentes entre si. Sendo que eles somente tiveram um lado mais oposicionista no momento que Luiz Inácio Lula da Silva se tornou Presidente da Republica e se tornando por alguns meios jornalísticos, alvo de piadas por ele simplesmente não ser uma pessoa vinda de uma classe superiora. Outro bom exemplo foi o caso do mensalão, em que boas partes dos meios de comunicação fizeram a caveira de cada um dos acusados, sem ao menos ter um conhecimento completo das acusações que eles estavam sofrendo.
O que dá a entender, é que o jornalismo atual não dá exatamente uma noticia legitima, ou simplesmente ela somente existe através de terceiros, que um disse uma coisa, outro disse outra e por assim vai. A questão se torna pior quando os meios jornalísticos ajudam os candidatos em determinadas eleições.
Belo exemplo é o caso de anos atrás, quando José Serra estava sendo candidato para eleições de Presidente e acabou tendo a testa machucada (segundo dizem) por alguém de outro partido durante uma manifestação. A cena foi captada por diversos meios de comunicação (vide SBT e Globo) e devido ao ocorrido, acabou fortalecendo a imagem hostil do outro partido. Contudo, numa cena bem elaborada apresentada no documentário, Jorge Furtado reuniu todas as imagens das emissoras, que captarão o momento da agressão, e percebesse que a única coisa que atingiu ele foi uma bola de papel e vinda do seu próprio segurança. Ou seja: em vez das emissoras terem noticiado uma manipulação, simplesmente compraram a ideia da agressão vinda do outro partido.
Sendo assim, vivemos num mundo jornalístico que quem paga mais tem a noticia publicada, que por vezes manipulada e sobra para o cidadão ler algo deveras suspeito para dizer o mínimo. A situação beira ao hilário, quando um jornalista lança um furo de reportagem, mas que às vezes, a matéria é claramente candidata em ser bem mentirosa. Em uma de suas reportagens, com um tom levado mais para o humor, Jorge Furtado destacou o “Picasso do INSS” que mais tarde se descobriu ser uma verdadeira mentira.
A história já é de algum tempo, sendo de março de 2004. O jornal Folha de S.Paulo havia publicado na capa de sua edição de domingo com a seguinte chamada: “Decoração burocrata”, matéria essa que falava sobre uma valiosa pintura do pintor Pablo Picasso que se encontrava debaixo de luzes e em meio à montanha de papeis de uma repartição do governo federal. Furtado resolveu então com bom humor descrever o sentido de sua matéria: “os novos ocupantes do governo federal não reconhecem e não sabem lidar com o valor da arte”. A pintura nada mais era do que uma reprodução fotográfica, sem nenhum valor, da pintura original de Picasso, o que gerou uma imensa repercussão na imprensa. Porém, os jornais, mesmo alertados sobre o erro, preferiram não desmentirem a informação.
Exemplos como esse e outros são uma representação de inúmeros jornalistas, que vão à caça de informação, mas que por vezes não dão uma noticia legitima para o leitor. Eles vão somente por algo que vá dar audiência na rede ou um aumento na venda do jornal imprenso infelizmente. Mas como um dos jornalistas entrevistados durante o documentário disse que, se houver um profissional que vá atrás de um caso a fundo em busca de fatos realmente concretos, independente das decisões que possam vir depois dos seus superiores do jornal, esse jornalista irá sim ser reconhecido e sempre será procurado por um publico que busca realmente pela verdade.
Outra questão muito debatida durante o documentário é como a imprensa se comporta em meio às inúmeras informações que escorrem a cada segundo pela internet. Um bom exemplo disso é quando eu soube da morte do ator Robin Williams: eu estava na frente do computador, quando um contato meu postou em sua linha do tempo no facebook a morte do astro publicada num site americano. Minutos depois eu viria a ler uma nota oficial de um site conhecido daqui.
Ou seja: eu soube de uma noticia publicada por um usuário qualquer e não de um jornalista oficial, sendo que o primeiro foi mais rápido, mesmo não tendo ganhado nenhum centavo com isso e o jornalista profissional, mesmo sendo pago pela publicação, teve menos audiência por ter sido menos rápido. Essa montanha de informações que disparam a cada segundo pela rede faz com que os meios de comunicação, tanto da internet como os jornais impressos, corram rapidamente para se atualizarem e encontrarem um meio para ganhar algum lucro antes que seja tarde demais. Infelizmente a pressa é a inimiga da perfeição, pois atualmente inúmeros jornais de ponta se encontram numa espécie de reestruturação, optando em publicar no jornal impresso somente noticias que dão mais audiência em suas paginas oficiais pela internet e que por vezes são banais e dispensáveis. Exemplos como esse é que fazem com que o futuro jornalístico brasileiro se torna uma incógnita, sendo que o quadro não é pior, porque nós termos justamente (para o bem ou para mau) uma internet livre, com direito em lermos inúmeras noticias sobre o mesmo tema.
Embora seja um tema sério, O Mercado de Noticias é um documentário deveras educativo, divertido em alguns momentos e que deve ser visto e revisto por pessoas de todas as idades e classes. Mas acima de tudo, deve ser visto por aqueles que buscam as reais informações que surgem no mundo que nos rodeia. 


 

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2 comentários:

Sueli de Sousa disse...

Oi Marcelo!

Achei sua chamada muito perspicaz não conheço a peça e nem o documentário, com certeza vou procurar aqui em Sampa para assistir. Quando você começa a citar os vários exemplos como os jornais dos anos de chumbo me lembrei de dois jornais da época Pasquim e Versus assim como as tirinhas de Henfil e Laerte que furavam essa aparente prisão em que há mídia nos colocava naquele momento. Os jornalistas Bob Fernandes, Mino Carta e Geneton Moraes Neto dispensam apresentações são marcos da história mas não sei o quanto estão se dando conta que as novas mídias vieram para ficar e revolucionar. O exemplo do mensalão, incidente com José Serra (esse realmente foi de matar a exploração dessa imagem naquela eleição), Decoração burocrata e Robin Williams ótimos exemplos de noticias sem legitimidade

Não sei se você acompanhou essa semana a alteração da pagina no Wikipedia da Miriam Leitão e o Sardenberg e todos que entram no site para ler acreditam que tudo o que esta postado é verdade e as alterações mentirosas foram feitas a partir de um computador do Planalto. Lembrei também de uma campanha do Lula que jogaram pesado trazendo a mãe de uma de suas filhas falando que na época ele pediu para ela abortar e isso causou uma revolução de falas informações na mídia.

Eu sei que seu foco era o documentário mas pensando no seu titulo, acredito que seja possível aprofundar o olhar sobre as noticias infundadas Clanessa, eu fico admirada como há uma linguagem apenas compreendida pelas Clanessas e que a mídia ou quem foi apenas procurar uma noticia para vender não têm a minima ideia que há uma leitura subliminar. Assim como (mesmo as conhecendo apenas pelas mídias e admirar as personalidades) fico estarrecida com o nível de agressão que um ser humano pode fazer por estar anonimo na net e o quanto as afetam cada uma dentro da sua personalidade, eu achei incrível como no final de semana a Vanessa implodiu adoecendo e a Clarinha explodiu no twitcam. O publico delas é repleto de teen não sei qual é o seu publico ai no Sul mas as informações que você colocou (e que são ótimas) acredito que não alcance esse publico e por fim antes que se torne um Chat kkkkkkk dentro do meu olhar a maioria das noticias infundadas veem por elas romperem com um padrão estabelecido e atingirem diretamente (não apenas) um publico que esta em constante ebulição. Acho que se você fizer uma matéria mais direcionada vai bombar, fiquei até com vontade de ativar meu blog.

Bjs

Sueli

Marcelo Castro Moraes disse...

Valeu Sueli