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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Cine Dica: Em Cartaz: DJANGO LIVRE



Sinopse: Ambientado no sul dos Estados Unidos dois anos antes do advento da Guerra Civil Django Livre é estrelado por Jamie Foxx no papel de Django um escravo cujo passado brutal com seus antigos senhores o deixa cara a cara com um caçador de recompensas alemão o dr. King Schultz. Schultz está no encalço de assassinos os irmãos Brittle e Django é o único que poderá levá-lo até eles. O heterodoxo Schultz compra Django com a promessa de alforriá-lo após a captura dos Brittle mortos ou vivos.br Com o sucesso da missão Schultz liberta Django mas ambos optam por não se separar e seguir pelo mesmo caminho. Com Django ao seu lado Schultz sai em busca dos criminosos mais procurados do sul. Enquanto vai aperfeiçoando suas habilidades como caçador Django permanece focado no seu único objetivo: encontrar e resgatar Broomhilda a esposa que ele perdera para o tráfico de escravos anos atrás.br A busca de Django e Schultz acaba por levá-los a Calvin Candie o proprietário de Candyland uma abominável propriedade agrícola. Explorando a fazenda sob falsos pretextos Django e Schultz despertam a suspeita de Stephen o escravo doméstico de confiança de Candie. Seus passos passam a ser seguidos e uma organização perigosa fecha o cerco em torno deles. Se Django e Schultz quiserem escapar com Broomhilda serão obrigados a escolher entre a independência e a solidariedade entre o sacrifício e a sobrevivência.

Do jeito que a carruagem anda, Quentin Tarantino está fazendo uma espécie de trilogia histórica, onde se explora uma determinada raça oprimida em ir à desforra contra a opressão dominante. Foi assim em Bastardos Inglórios, onde os Judeus dessem a lenha contra os Nazistas e aqui a historia se repete, onde Tarantino explora um dos períodos mais vergonhosos dos EUA, que foi a escravidão. Mais do que um tapa na cara contra os racistas daquele tempo, Tarantino aproveita ao máximo para homenagear um gênero que ele já estava namorando já algum tempo: o faroeste, ou mais especificamente o  Western spaghetti, no qual surgiram perolas como a trilogia dos Dólares comandada por Sergio Leone e Jango, estrelado por Franco Nero (que aqui faz uma bela ponta).    
Mas mesmo com todos esses ingredientes, a primeira vista a historia é simples, mas o que faz dela diferente de outras produções dentro do gênero é com certeza o olhar afiado de Tarantino em injetar a todo o momento a sua afinidade pelo humor negro e seus diálogos afiadíssimos, que sempre renderam momentos inesquecíveis em seus filmes. O primeiro ato representa a construção desse cenário, que aqui no caso é comandada pela interpretação certeira e refinada de Christoph Waltz, que embora lembre em alguns momentos o seu personagem marcante que o consagrou em Bastardos Inglórios, aqui suas intenções são bem mais nobres, mesmo possuindo as mais ardilosas idéias para se dar bem, tanto ele, como o seu mais novo parceiro, Django (James Foxx, cujo seu personagem vai crescendo gradualmente no decorrer da trama).
Com a dupla feita, ambos embarcam numa jornada cheia de perigos, onde se tornam uma dupla de caçadores de recompensas, que em meio a suas caçadas, sempre dão de encontro com almofadinhas ricos e que acreditam estarem por cima da carne seca. Nesse momento, Quentin Tarantino tira o maior sarro desse tipo de pessoa daquele período, em especial, de um grupo de pessoas alienadas que se vestem de   Ku Klux Klan, que acabam discutindo uns com os outros, devido a abertura para os olhos mal feita das mascaras que vestem. Infelizmente esses momentos hilários se perdem um pouco a partir do momento da entrada do segundo ato, sendo que Tarantino não consegue manter o mesmo ritmo, pois a meu ver, acaba esticando a trama mais do que deveria.
Felizmente, o ritmo se acelera graças à entrada de um dos personagens mais asquerosos da trama: Calvin Candie, dono um grande império e que usa escravos para lutas livres até a morte. Para a surpresa de todos, Leonardo Dicaprio surpreende interpretando esse personagem de uma forma tão insana e fora de controle, que em alguns momentos chegamos até nos assustar com suas ações imprevisíveis, principalmente na seqüência em que ele levanta uma teoria sobre um crânio que ele carrega de um falecido escravo. Devido a essa seqüência (com direito ao Dicaprio realmente machucar a mão em cena), o ator nos brinda com uma de suas melhores interpretações de sua carreira, mas que acabou injustamente ignorado pelos membros da academia. Mas o que dizer então do braço direito de Candie, que nada mais é do que um escravo vira casaca e que não hesita em trair a sua própria raça para melhor agradar o seu senhor. Não é um dos personagens mais fáceis de ser aceitos hoje em dia devido as suas ações, mas só mesmo um ator de calibre como Samuel L. Jackson, para nos fazer rir de suas ações endiabradas e de suas palavras racistas que ele dispara do inicio ao fim. É o melhor momento da carreira do ator depois de muito tempo.
Com todos os piões reunidos no mesmo tabuleiro, Tarantino como ninguém cria uma verdadeira montanha russa de emoções no terceiro ato, nos quais a gente jamais sabe o que irá acontecer em seguida. A aflição é tanta, que nos faz acreditar que os mocinhos (modo de dizer) não irão se dar bem depois que toda a merda é jogada no ventilador. Quando isso acontece, o espectador é jogado em um verdadeiro banho de sangue, no qual a gente não via em sua filmografia desde Kill Bill: Volume 1, mas tudo de uma forma cartunesca, chocante, hilária e com uma rica montagem de câmera e trilha sonora, que nos contagia e da vontade de gritar um olé.        
Mas embora com tudo isso, a tempestade se ameniza e embora o cineasta entregue um final que o publico em geral irá aceitar de bom grado, faltou ali um Gran Finale  mais corajoso. Talvez fosse uma espécie de forma de Tarantino conseguir conquistar uma fatia maior do publico cinéfilo em geral, que embora isso possa ser valido, faz com que ele se afaste um pouco de tempos mais corajosos  como em Cães de Aluguel. Apesar disso, esse ultimo filme nos faz desejar querer ver o que ele irá aprontar na eventual terceira parte dessa trilogia histórica que ele está inventando. Que os Tarantinescos estejam futuramente lá para conferir.   

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2 comentários:

renatocinema disse...

Gostei do seu texto....o olhar do Tarantino é que faz a diferença.

Abraços

Marcelo Castro Moraes disse...

Tudo que ele toca virá ouro.