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Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Cine Especial: SERGIO LEONE - ERA UMA VEZ O SPAGHETTI WESTERN: Parte 1



Nos dias 15 e 16 de agosto, estarei participando do curso SERGIO LEONE - ERA UMA VEZ O SPAGHETTI WESTERN, criado pelo CENA UM e ministrado pelo professor Rodrigo Carreiro. E enquanto os dois dias não vêm, por aqui, estarei escrevendo um pouco sobre o que eu sei desse  cineasta, que deu novo status para o gênero do Western e que se sente isso até hoje.   


 SERGIO LEONE E SUA ÓPERA NO OESTE:
CINEASTA FOI UM DOS  QUE RESGATOU A  GRANDEZA DOS WESTERNS CLÁSSICOS COM HISTÓRIA DE VINGANÇA INFLUENCIADA PELA ÓPERA.
Se tiver um filme que represente a filmografia de Leone como um todo, esse filme é Era uma vez no Oeste.  É curioso que um dos principais artífices do mais americano dos gêneros seja um italiano que nunca fez muita questão de aprender uma palavra sequer em inglês, pois em sua opinião não era necessário, pois já compreendia o gênero pela sua essência como um todo. Apaixonado por westerns desde a juventude, Sergio Leone decidiu inovar esse gênero (nos anos 60 já meio desgastado), injetando uma espécie de humor negro, um lado mais cru e com  personagens ambíguos, em que os status de bem e mal não eram suficientes para defini-los.     
A trilogia dos dólares trouxe reconhecimento e respeito ao cineasta até então desconhecido aos olhos do mundo. Composta por Um Punhado de Dólares (refilmagem não autorizada de O Guarda Costas de Akira Kurosawa), Por uns Dólares a Mais (meu preferido dos três) e Três Homens e um conflito, todos estrelados pelo até então cara novo Clint Eastwood e rodados na Itália. Sobretudo nos dois primeiros, a ação é ininterrupta e há pouco espaço para os diálogos, mas para muitos, Três Homens e um Conflito é o melhor dos três, mesmo possuindo inúmeros momentos de pausa, sem dialogo, mas tudo em volta de um duelo psicológico entre os protagonistas, que acabou rendendo inúmeros elogios e que serviria de base para o que viria depois na filmografia de Leone.  
 Todos fizeram bastante sucesso nos Estados Unidos, levantando a moral do gênero daquela época e o que levou a Paramount a oferecer ao diretor um orçamento bem generoso para rodar um filme no qual mal sabiam que se tornaria uma obra prima. Leone por sua vez, não estava nem um pouco interessado em fazer mais um western ou ficar rotulado como um cineasta de um único gênero. Naquele tempo, ele planejava trabalhar na adaptação de um livro que, anos depois, resultaria em Era uma Vez na America (1984), mas aceitou mais um desafio, somente por existir uma possibilidade de criar uma trilogia sobre a America (completada por Quando Explode a Vingança).
Para a alegria de todos, trabalharam no roteiro de Era uma vez no Oeste, dois importantes nomes do cinema Italiano, Bernardo Bertolucci e Dario Argentino (famoso por filmes de terror). Na trama, Três pistoleiros, entre eles o temido Frank (Henry Fonda, em seu primeiro papel de vilão e um dos melhores de sua carreira), são enviados para convencer um fazendeiro a ceder suas terras para a construção de uma enorme ferrovia que cruzará o oeste. Acabam matando o homem e seus filhos, numa seqüência magistral, onde gradualmente é mostrado quem são os assassinos, sendo que na época, os americanos ficaram chocados quando deram de cara com Henry Fonda sendo o vilão e matando a sangue frio a criança da família com um tiro. A viúva Jill,(Claudia Cardinale no auge da beleza), recém chegada do leste e em busca de riquezas, decide ficar nas terras e se une a um pistoleiro misterioso (Charles Bronson, como mocinho) para ajudá-la na vingança. Também recebe ajuda do ambíguo Cheyenne (Jason Robarts).
Falando assim, parece até muito simples, mas quem espera  encontrar aqui o ritmo veloz da trilogia dos Dólares, vai se assustar. Era uma vez no Oeste é um filme que se eleva a níveis de uma opera  (embalado pela trilha inesquecível de Ennio Morricone, fiel colaborador de Leone), grandioso, lento (a abertura, em que os três homens esperam um trem dura 14 minutos, sem diálogos) e marcado por closes no rosto dos atores na cena de tiroteio. As filmagens tiveram lugar na Espanha e no Monument Valley, nos Estados Unidos, cenário dos grandes clássicos de John Ford como no Tempo das Diligencias e Rastros do Ódio. Logicamente, uma espécie de homenagem de um mestre ao outro.         
Embora sua longa duração, é um filme que passa rapidamente, graças a um roteiro bem construído, direção magistral de Leone e momentos chaves nos quais entraram para historia do cinema. Curiosamente, o filme não foi muito bem recebido na época de sua estréia em território americano, mas gradualmente foi conquistando cinéfilos, que foram entendendo a proposta que o diretor queria passar, que nada mais era do que uma declaração de amor ao gênero, de suas varias fases de sua historia e culminando com um fim melancólico, mas justo. Se por um lado os americanos demoraram um pouco a compreendê-lo, em Paris, o filme ficou em cartaz mais de 40 semanas em uma sala na época, pois as pessoas não paravam de ir vê-lo duas ou três vezes.  
Assim como Stanley Kubrick, Sergio Leone dirigiu pouco (nove filmes), mas falou muito em cada uma de suas obras, e por isso mesmo, merece ser redescoberto pela nova geração de cinéfilos que preza a gostar de diversos filmes não importando qual a sua época distinta. 


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