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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 7 de maio de 2012

Martin Scorsese: Cinema, Fé e Violência: EXTRA



Encerrou-se ontem o curso Martin Scorsese: Cinema, Fé e Violência, criado pelo CENA UM e ministrado por  Rodrigo Fonseca. Diferente dos outros cursos que eu participei, esse começou de uma forma bem curiosa, não contando especificamente sobre Scorsese, mas sim sobre o cinema que o moldou e fez ele se tornar o que é hoje. Durante as primeiras horas do primeiro dia de curso, Fonseca abriu uma janela do tempo para os interessados, dissecando um pouco sobre o que foi o cinema neo-realista italiano, onde sempre se destaca clássicos que melhor representam essa época como Roma: Cidade Aberta e Ladrões de Bicicletas.
Esse cinema mais real e cru, fez com que em muitos cantos do mundo fizessem um tipo de cinema similar, como no caso de 1959, quando surgiu a Nouvelle Vague (a nova onda) do cinema francês, onde um grupo de críticos de cinema (liderados por Jean Luc Godard e François Truffaut), saiu às ruas e começou a fazer um tipo de cinema mais critico, onde eles criaram historias sobre os problemas e o dia a dia do cidadão francês, que ao mesmo tempo, criaram um tipo de visão particular de se fazer cinema. Sendo que, tanto como Godard e Truffaut e outros desse movimento, criaram o que hoje é muito conhecido como o termo “cinema de autor”, onde cada um possuía uma visão particular de se contar uma historia na tela grande. A nova onda acabou influenciando também outras partes do mundo, como no caso do nosso país, onde em tempos de época de chumbo, surgia o que chamamos atualmente de “cinema novo”, onde filmes como Terra em Transe e Deus e o Diabo na Terra do Sol, se tornaram pilares e os melhores representantes daquele período.
Com todas essas mudanças significativas do cinema pelo mundo na época, o cinema americano é que acabou demorando mais um pouco para acordar, principalmente por ser um país mais conservador, mas isso não significava que estava tudo perdido. Em 1967 dois títulos cortam as amarras de um cinema plástico, dando lugar ao lado mais critico e reflexivo, como Bonnie  Clyde: Uma Rajada de Balas e A primeira noite de um homem. O primeiro, aliás, (de Artur Penn), colocava o espectador na torcida, por um casal de assaltantes em plena depressão americana dos anos 30, enquanto os oficiais da lei eram vistos como os verdadeiros vilões da trama. O filme consagra de vez os jovens Faye Dunaway e Warren Beatty e trás para as telas o que seria astro nos anos 70, Gene Hackman. O final do filme é com certeza (e ainda hoje) um dos mais impactantes da historia e o cinema, e como se isso não bastasse, Mike Nichols (que há havia abalado o circuito um ano antes com Quem tem medo de Virginia Woolf?), coloca um jovem (Dustin Hoffman) perdido na vida, após o termino da faculdade, se relacionar com uma mulher bem mais velha (Anne Bancroft). E se muitos da época achavam casos como esses isolados, eis que Dennis Hopper e Peter Fonda pegam suas motos envenenadas e partem para as estradas dos EUA vender maconha em Sem Destino. O cinema americano perde sua inocência e tem inicio o "novo cinema americano".      

Tudo isso, serviu de prólogo para só depois entrarmos no universo de Martin Scorsese no curso, pois todas essas mudanças que estavam acontecendo, tanto no cinema americano como no mundo a fora, serviu de faculdade de cinema para Scorsese, para então ele criar sua forma particular de se fazer cinema. Nos anos 70, o cineasta chamou atenção em Caminhos Perigosos, ganhando elogios com Alice não Mora mais aqui e consagrando como diretor autoral em Taxi Drive, no que talvez seja o melhor filme daquele tempo. Devido a novas mudanças que estavam acontecendo no cinema, onde títulos como Tubarão e Star Wars, estavam reescrevendo a historia, Martin Scorsese por pouco não desistiu de ser diretor (devido também a problemas pessoais), até cair em seu colo (com uma ajuda de Robert De Niro), Touro Indomável, filme que, na opinião de Fonseca, se encerra o período do "novo cinema americano".

Após esse período, Scorsese renderia títulos nos anos 80, que embora não fossem sucessos a principio, seria reconhecido tempo depois como O Rei da Comédia e Depois das Horas. Apesar de se render a filmes mais convencionais como A Cor do Dinheiro, o cineasta faria um dos seus filmes mais corajosos de sua carreira que foi a Ultima Tentação de Cristo. Embora a produção tenha gerado inúmeros protestos pelo globo, serviu para Scorsese fortalecer sua aura de cinema de autor. Com isso, no inicio dos anos 90, entrega um dos melhores filmes sobre a máfia que é os Bons Companheiros (90), refilma um clássico com estilo em Cabo do Medo (91), retorna ao passado nos fins do século 19 em A Época da Inocência (93) e cria um dos seus melhores filmes desse período que é Cassino (95). Isso graças à forma em que ele montou o filme, fazendo da trama uma verdadeira montanha russa cheia de acontecimentos, obrigando o espectador a não piscar os olhos e dando a sensação que três horas de duração (tempo do filme) passassem voando.

Embora tenha sofrido alguns arranhões com Vivendo no Limite, Scorsese ataca com tudo nos anos 2000, fazendo uma feliz parceria com Leonardo Dicaprio em Gangues de Nova York, O Aviador, Os Infiltrados (Oscar de melhor filme e diretor), A Ilha do Medo e provando que se pode fazer arte com 3D em A Invenção de Hugo Cabret. Lembrando também, que Fonseca deu destaque aos documentários que Scorsese dirigiu também ao longo da carreira, como no caso de  No Direction Home: Bob Dylan , embora eu deva reconhecer, que infelizmente não vi nenhum dessas produções, mas nunca é tarde para conhecê-las.
O que vem a seguir sobre Scorsese (Sinatra?) só o futuro irá dizer, mas com relação ao curso, digo que foi um dos melhores que eu participei, pois Rodrigo Fonseca não só dissecou sobre a carreira do cineasta, como também falou do cinema em si e dos ingredientes que moldou ele.  Com tudo isso, só venho a agradecer ao CENA UM  e ao Fonseca, e com essa matéria, encerro (por enquanto)  sobre Martin Scorsese, dando lugar a outras matérias, como no caso as próximas com relação aos cursos sobre Michelangelo Antonioni e Como se ver um Filme 2. Portanto aguardem e boas sessões a todos.   

Leia também: Martin Scorsese: Cinema, Fé e Violência: Partes 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7.
Especial  Nouvelle Vague.





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